sábado, 5 de novembro de 2016

OS OLHOS VERMELHOS DE MARIANA.


Cidade linda, cidade histórica, cidade rica
Cidade de minas, das Minas Gerais
De casarios cansados, calados, guardados em ruas tranquilas...

Cidade histórica, guardiã de segredos, de amores e medos
Mariana, Sabará, Ouro Preto, são das Minas as riquezas
Das Gerais as belezas e as grandezas de um país
Pobre país, que não reconhece, não valoriza
e seu passado não eterniza
Igrejas barrocas de Aleijadinho a arte, a paixão e a dor
Esculpidas nas feridas de homem tão grandioso
Que modelou na pedra dura, sua alma e paixão
Escreveu a nossa história usando pedra sabão
Maria mulher Mariana, violentada tu foste
Por mãos tão desumanas, que produziram a lama
Vermelha com o sangue, que dos escravos jorrou
Na chibata dos feitores, que matavam trabalhadores
Homens, como os senhores, que os faziam sofrer
No tronco e nas senzalas, das grandes casas dos brancos
Que como dominadores, usurpavam da terra o ouro e
do trabalhador o amor.


 Mariana terra amada, que o tempo preservou
Suas ruas em ladeira, suas pedras em calçadas,
Gente contando histórias, encantadas com a vida
Que agora destruída, pela lama escorrida da barragem construída
Nas terras abençoadas pelas mãos de Deus artista
Que modelou tão linda e bela, a Mariana donzela
Apoiada nas janelas olhando a vida passar
Que tristeza, que horror aconteceu com você,
Cidade minha cidade, Mariana meu amor
Como será nossa vida, sem seus casarios históricos
Sem seu silêncio ruidoso, cochichado nas esquinas
Das ruas silenciosas da bela e maravilhosa
Cidade linda e faceira, uma cidade mineira.


Edison Borba – do livro LAMA VERMELHA 
Pod-Editora / 2015

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