Respiração
difícil. Olhos marejados. Pele amarelada. Lá estava ele deitado sob um velho
colchão manchado e sujo. Um velho pijama rasgado vestia o magro e esquálido corpo daquele
homem. Tudo a sua volta é miséria. O quarto,
a casa, os móveis estão decadentes como a própria existência daquele cidadão.
Quem
não o conhece, pode até imaginar se tratar de algum indigente. Alguém desprovido
de condições culturais e sociais e que sempre viveu sob o estigma da pobreza.
O
que poucos sabem é que deitado naquele mísero leito encontra-se um doutor. Um
homem das letras, um erudito. Em tempos de ouro, era recebido em palácios e
reverenciado por uma alta sociedade, que o acolhia e respeitava.
Poeta,
escritor, senhor da literatura, versado em leis era capaz de entreter por toda
uma noite dezenas de pessoas, com suas histórias e sabedoria.
O
que fez aquele homem, mudar tão radicalmente a sua trajetória? Que motivo, fez
dele um mendigo, um miserável?
Como
nos romances, o amor pode ser considerado o fio condutor para a tragédia. Como nas
mais famosas histórias escritas e cantadas, a impossibilidade de realizar o
sonho de ter em seus braços a pessoa eleita por seu coração. Querer e não
poder. Amar e não ser correspondido. Sonhar e ficar no vazio da solidão. Todas
essas questões abrem espaços para que a desilusão gradativamente vá habitando
um coração apaixonado.
Morrer
de amor ou de amor se deixar morrer é algo mais comum do que possamos imaginar.
Como
preencher um coração vazio? Como completar uma alma dividida?
Deitado
naquela cama humilde estava mais uma vítima do amor não correspondido. Um corpo
em frangalhos, uma alma destruída, uma vida desperdiçada.
Como
um marinheiro que naufraga junto com seu navio, aquele homem, afundou na
solidão e se afogou no infinito mar da paixão.
Fim
de uma vida que fez do amor uma arma apontada contra o próprio peito.
Morrer
é preciso para perpetuar um amor impreciso.
Fim
de uma vida. Início de uma história.
Edison
Borba
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