Durante os
diversos capítulos de uma novela, mesmo os melhores atores, deixam a desejar em
algumas cenas. No grava e regrava faz e repete, perde-se o pique e em alguns
momentos os personagens deixam de brilhar, diante do cansaço dos atores.
O cinema é
semelhante às novelas, com a diferença de ter princípio, meio e fim em noventa
ou mais minutos, e as gravações serem feitas refeitas e costuradas aproveitando-se os
melhores momentos.
No teatro, só
os bons sobrevivem. Quando as cortinas se abrem, a história tem que ser contada
por inteiro, diante do público, sem direito a repetições, remendos e costuras.
É preciso ter fôlego, cérebro e sentimento para segurar a plateia e esperar
pelos aplausos.
O cenário
teatral brasileiro possui grandes atores, forjados nos palcos e nos textos, de
Shakespeare, Paulo Pontes, Genet, Boal, Ionesco, Molière, Nelson Rodrigues
entre outros grandes dramaturgos.
Nas
telenovelas, Dias Gomes, Janet Clair, Ivani Ribeiro, Avancini entre outros escritores e diretores,
trabalham textos e cenas, que devem seguir uma trajetória comercial e que nem
sempre é de boa qualidade durante todos os capítulos. Poucos atores conseguem
manter a qualidade do personagem durante toda a trama. Há tempos (2006 / 2007),
Heitor Martinez brilhou na novela “Vidas Opostas” (TV Record), vivendo o cruel
bandido Jackson. Foram momentos inesquecíveis de interpretação memorável. O
trabalho facial e de corpo exigiu do ator muito esforço e dedicação. Este ano
(2013), o destaque vai para Mateus Solano, em “Amor à Vida” (TV Globo), vivendo
o complexo Félix, um ser atormentado pela figura paterna. As diversas faces de
Mateus são magníficas, sua presença garante a comédia e a tragédia. Compondo um
personagem multifacetado, Solano consegue garantir momentos da mais alta
qualidade na dramaturgia. O capítulo do dia 18 de novembro foi um dos melhores
que a televisão apresentou nos últimos anos. Mateus Solano foi magistral. Os
deuses do teatro o abençoaram e ele mergulhou na alma do Félix, como só um
grande ator consegue. Naqueles minutos, o personagem estava vivo, absolutamente
vivo.

Heitor Martinez
e Mateus Solano entre outros bons e novos atores se destacam no mundo dos
“modelos descamisados”e corpos malhados pelas academias, que enchem as telinhas
dos televisores de mediocridade
interpretativa.
Precisamos de
bons autores, diretores e atores, mesmo que seja apenas para uma cena, que vale
por todo o espetáculo.
Edison Borba
Nenhum comentário:
Postar um comentário