Precisamos transformar o nosso comportamento, deixar de aceitar pacificamente, as atitudes de uma pequena elite dominante que desmata, polui e destrói, simplesmente para satisfazer suas vontades. Mansões construídas em reservas florestais, praias invadidas em nome da manutenção de uma duvidosa privacidade. Dunas devastadas por senhores vorazes em seus apetites nunca satisfeitos. O que me preocupa é o excesso de atividades pouco concretas em prol do meio ambiente. Mapas atualizados revelam uma Amazônia sendo destruída numa progressão geométrica. Projetos gigantescos sendo realizados sem que as verdadeiras intenções fiquem claras para a população. Em nome de um progresso galopante, autoridades estão leiloando terras brasileiras sem nenhum escrúpulo. Daqui a pouco, vamos visitar o que restar das riquezas naturais, apenas em museus de fotografias ou de pinturas. Também nos restarão os animais empalhados e ervas prensadas, como recordação de um mundo verde. Os pais terão que contar histórias para seus filhos, sobre como era a vida antes da imensa destruição. O que mais me chama a atenção são as falcatruas, envolvendo obras cujos verdadeiros fins são duvidosos quanto à sua real importância. Não há jornal e revista que não exiba matérias sobre lugares devastados. Paraísos ecológicos poluídos pela ação humana. Imagens dramáticas, escombros e áreas devastadas já não nos comovem. Existe uma passividade, na qual eu me incluo que nos impede de agir de maneira mais contundente. Ações bem intencionadas, mas que não conseguem deter o avanço de empresários, artistas, famosos e políticos que usando dos seus poderes financeiros e sociais se colocam acima de qualquer lei. Passeatas, abaixo-assinados, abraços ecológicos e manifestações públicas, chegam a ser ingênuas quando tentam parar o avanço da depredação. Aos poucos fomos sendo condicionados a assistir as tragédias, pela telinha das nossas televisões, durante o jantar e mesmo diante de grandes catástrofes, não perdemos o apetite. Triste e lúcida percepção, eu que esperei a era de aquário, quando a paz e o amor transformariam o planeta e todos os seus habitantes. O tempo passou e se mudanças aconteceram não trouxeram a paz e nem mudaram os homens para melhor. O planeta terra não se tornou um paraíso. A luta armada entre os povos só mudou de características, a intolerância permanece. É com tristeza que admito a existência de uma carcomida política voltada para questões ambientais. O compromisso com a manutenção das riquezas naturais não passaram de sonhos de uma geração de cabeludos. É pena saber que objetivos foram abandonados e grandes empreendimentos surgem camuflados por parques ecologicamente corretos. E que ficamos felizes com a idéia de glamorizar as questões ambientais. Usamos produtos ecologicamente corretos, fingimos ser naturalistas, participamos de caminhadas ecológicas, protegidos por loções hidratantes, cujos frascos jogaremos no lixo, juntamente com as latas de refrigerante, cerveja e garrafinhas de água consumidos durante a passeata.
Edison Borba
Nenhum comentário:
Postar um comentário