Idade: 27 anos
Profissão: Auxiliar Administrativa
Estado civil: separada (mãe de dois filhos)
Residência: Campo Grande, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro.
Fato: separada do marido e mãe de duas crianças,
Jandira engravidou pela terceira vez.
Apesar de viver com sua família, ela mediu as consequências sociais desfavoráveis
de ser mãe pela terceira vez. Conversou
com suas amigas e a conclusão mais imediata seria interromper a gravidez
indesejada. Como toda a sociedade
brasileira sabe, existem diversas clínicas especializadas neste tipo de
“cirurgia” (??!!). Funcionando
clandestinamente (??!!), esses estabelecimentos não possuem nenhuma condição
para tratar de assunto tão sério. Profissionais incompetentes, falta de higiene
e de condições de socorro caso aconteça algum imprevisto, durante o processo.
Jandira, mulher inteligente, mesmo sabendo de todos os riscos a que estava se
submetendo, conseguiu o dinheiro (quatro mil reais) para pagar os serviços
abortivos. Orientada por uma amiga intima, que faz parte de uma rede de
clínicas clandestinas abortivas, saiu de casa confiante que conseguiria
resolver o seu grande problema.

Jandira
desapareceu!
Sua
mãe e filhas aguardaram o seu retorno por horas e dias. Jandira sumiu!
Jandira morreu!
Mais uma vítima da eterna discussão sobre a legalização do aborto. É de conhecimento de toda a sociedade civil, militar e religiosa que existem diversas clínicas abortivas espalhadas por todo país. É de conhecimento que muitas mulheres das mais diversas classes sociais, usam estes serviços. Infelizmente, as menos favorecidas; social e financeiramente, morrem ou ficam com sequelas.
Apesar
do problema, ser de domínio público, não existe coragem para que um debate
franco e honesto resolva esta questão.
Quando
uma gravidez é considerada indesejável, alguma coisa muito séria está
acontecendo no mundo feminino: falta de informação, educação sexual inadequada,
insegurança quanto à perda do parceiro, como sustentar mais um filho, como o
fato de ser mãe solteira ainda é tratado pela sociedade entre outras questões.
O
aborto surge como uma solução para resolver preconceitos que ainda persistem na
moderna sociedade do século vinte um. Recorrer a uma ação tão extrema deve ser
algo indescritivelmente sofrido para uma mulher.
Ela,
a “pecadora”, deverá arcar sozinha com todos os ônus por sua atitude!”
Enquanto
a hipocrisia estiver à frente das discussões e decisões de assunto tão sério,
outras Jandira Magdalena continuarão vítimas da covardia social que impede uma solução para este problema.
Edison
Borba
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