Vivendo na caatinga, um
ambiente castigado pela escassez de chuvas e aridez, o sertanejo é um bravo
homem da terra. Poucas civilizações no mundo conseguiriam alcançar o feito
dessa gente corajosa. O sertão, com seus ventos bíblicos, calmarias pesadas e
noites frias, impressiona. Quando a chuva chega no sertão, tudo fica verdinho,
e o sertanejo orgulha-se de sua terra, voltando plantar e colher e a fincar
“pé” em seu paraíso, seu Lar, correndo contra o tempo e a lenda de que um dia O SERTÃO VAI VIRAR MAR (do livro POEIRA - Oficina de Editores / 2015 - Autor: EDISON BORBA)
O SERTÃO VAI VIRAR
MAR
Terra
seca, gado morto, sol forte. Gente
guerreira. Homens
trabalhadores
Mulheres
rezadeiras. Nordeste,
estiagem, emergência.
Clima
cruel. Vida difícil. Promessas fáceis. Sertão.
Sertanejo.
Baianos.
Alagoanos. Sergipanos. Migrantes
seguem o ciclo da água
Piauí,
Ceará e Paraíba – tudo seco.
Rostos
molhados de suor e lágrimas.
É
a natureza cobrando tributo. Queimando
os campos. Espantando
a chuva
Escondendo
a água. Matando
de sede gado e gente.
É
sertão de Antônio Conselheiro, Virgulino,
o Lampião. Maria
Bonita e Corisco.
É
caatinga é manteiga de garrafa.. É
sertão de sol a pino
Ressecando
todo o chão. Impiedosamente
queima toda
a bela plantação.
É
oração dos peregrinos. Do
“Padim Padre Cícero”
Sertão
de compromissos não cumpridos, pelas
autoridades
De
promessas compridas, para
pedir pela chuva.
Esperar
é condição dos
que sobrevivem à seca.
Prosperidade? Brasil,
grande nação? Economia
renovada?
Computadores!
Evolução? Empresários!
Inovação?
Terra
de grandes valores. Como
Suassuna e outros tantos!
Nordestinos,
sim senhor! Mas,
também tem seus horrores
Da
miséria. Desolação.Dos
tristes casebres, pau a pique
Barro,
poeira e chão. Seca
de água e de compaixão.
Sertão!
Dos
capitães, das veredas. Da
Rosa do Guimarães.
Diadorim
Riobnaldo.
Vidas
secas. Secas vidas. Gente
sobrevivente.
Não
tem poça não tem poço.
Não
tem nada na panela, nem comida na barriga.
Pé
no chão, remela seca. Ressecada
pela seca.
Sertão
de muitas promessas, dos homens de paletó,
Gravata
e bravata! Promete
chuva, água fresca,
Muito
trabalho e sementes. Os
senhores do palácio
Que
gostam de discursar
Sertanejo
acredita que tudo se transformará.
A
justiça será feita pela própria natureza
Afogando
os coronéis
É
o sertão virando mar!
Edison Borba
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