As telenovelas têm sido veículo de demonstração de algumas paranoias
humanas. É frequente, assistirmos em diferentes emissoras e nos diversos
folhetins, situações interessantes, esdrúxulas e inusitadas, como: “eu quero
ter um filho”, “eu quero você”, “eu quero ficar rico”, “eu quero vingança”,
“quero deixar de ser virgem” entre outros “mórbidos” desejos, em que o “eu
quero, custe o que custar”, transforma galãs em vilões e mocinhas em bandidas.
A enlouquecida vontade de querer ter alguma
coisa ou alguém, transforma-se, em
paranoia.
Procriar, produzir um filho, encontrar
família biológica ou vingar-se, move as tramas e enriquecem os desejos
sublimados de muitos espectadores. Diferentemente do teatro, em que a trama
acontece de uma só vez, as telenovelas, alimentam as loucuras através de doses
homeopáticas.
Dia após dia os desejos enlouquecidos dos
personagens contaminam a população, que toma partido e torce pelos bons, mesmo
quando eles demonstram atitudes antiéticas, para satisfazer algum tipo de
desejo. Durante a trama surgem questões que prendem o telemaníaco diante do
televisor, esperando ansiosamente as soluções para as loucuras do autor, como:
Até quando a donzela permanecerá intacta?
Até quando a herança cairá nas mãos dos falsos parentes?
Até quando a mulher será enganada pela
melhor amiga?
Até quando a mocinha vai estapear a
malvada?
Até quando o exame de DNA permanecerá
trocado?
Até quando a sofrida mãe vai aguentar as
maldades da filha cruel?
Essas dúvidas transformam a vida dos seguidores
dos folhetins numa paranoia crescente. Deixa-se de ir ao cinema e ao teatro; compromissos
são adiados e atrasos para o encontro são explicados por desculpas “esfarrapadas”. Tudo isso para não perder o capítulo, que pode ser
revelador. Meses de espera e no dia que mocinho saberá quem é seu verdadeiro
pai, aparece um compromisso inadiável. É para enlouquecer um bom noveleiro.
E assim vamos vivendo, novela após novela
com o controle nas mãos, para permitir sofrer com duas histórias em emissoras
diferentes, mas que são exibidas em horários semelhantes.
Loucas e doces paranoias que se repetem,
mas conseguem nos manter diante do televisor sofrendo, chorando e sonhando com
o beijo do último capítulo.
Eu sou um noveleiro assumido!
Edison Borba
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