Após muitos
anos de sua partida, eu ainda sinto a sua falta. Creio que hoje, a saudade é
bem maior do que era ontem, Sinto uma vontade de reencontrar, abraçar,
conversar ou até ficar em silêncio, ao seu lado, sentindo o calor de seu corpo.
Tenho receio,
que com o passar dos dias eu perca contato com os pequenos detalhes de nossa
amizade.
De sua
voz, pouco ficou, era um homem calado, digo até silencioso, a sua presença era
tão forte, que seus gestos transmitiam as mensagens que eu precisava ouvir. Era
alto, para mim, um gigante. Mãos calejadas transmitiam o quanto de trabalho ele
executava. Seu avental era um símbolo do seu ofício. Não consigo visualizá-lo
sem o seu uniforme manchado, indicando para mim o quanto esse homem produzia
para manter a família. Havia em um dos seus dedos, na mão esquerda um anel de
ouro com a imagem de São Jorge, santo de quem ele era amigo. Talvez, grande
parte da sua força viesse da sua devoção ao santo guerreiro.
Cresci imaginando
histórias sobre aquele homem, que saía de casa antes do meu acordar e que
muitas vezes eu não via chegar, pois o
sono era mais forte do que meu desejo de vê-lo. Quantas vezes, rezei para “Papai do Céu”, implorando para que
a fada do sono, não viesse fechar meus olhos, antes do seu retorno. Algumas vezes
fui atendido e lembro-me da alegria de
vê-lo abrir a porta, rosto cansado, mas sempre tranquilo. Numa sacola o pão,
que nunca faltou em nossa mesa, à marmita e as suas ferramentas.
Eu gostava de ver esta cena e o imaginava um
gigante, um herói, e criava em minha cabeça cenas cinematográficas em que ele
sempre vencia as batalhas.
Hoje,
após tantos anos sem a sua presença, percebo que as minhas fantasias de
criança, eram verdadeiras, ele foi um herói, todos os dias enfrentava como um
gigante as árduas tarefas que seu trabalho exigia, para manter sua família, sua
casa, seu lar.
Cresci tornei-me homem e sai pelo mundo, levando
comigo os exemplos desse anônimo cidadão
brasileiro. Nos momentos difíceis, sua imagem me animava e me ajudava a continuar.
Pensava no anel, e pedia a São Jorge, que me ajudasse a vencer os dragões da
maldade.
Certo dia,
meu herói deixou o campo de batalha e seguiu outra estrada. Levado por anjos ele caminhou
por um caminho de luz.
Chorei como
menino que caiu da bicicleta; zanguei reclamei e até desafiei a natureza por
tê-lo tirado de minha vida.
Hoje,
sonho com um reencontro. Sei que ele nunca deixou de cuidar de mim e de toda a
família. Guardo em meu coração a sua imagem, sigo seus exemplos e tento ser para os meus
descendentes um cidadão de bem, um gigante, um herói, como o meu pai.
De Edison
Borba para “seu” Oswaldo e para todos os pais do universo!
Muito bom!!!!! Muito bom mesmo!
ResponderExcluir