Trabalhei por algum tempo numa escola da rede municipal de ensino como professor cedido, para atuar na área de Ciências Naturais. Uma agradável Unidade de Ensino situada num local hoje batizado como comunidade pacificada. Lecionava em todas as séries do Fundamental, da 5ª até a 8ª, como era o funcionamento nos anos 70.
Certo dia, uma das minhas alunas da 7ª série envolveu-se em uma confusão com um Professor da classe, meu colega de trab...alho e de horário. A situação foi considerada gravíssima, e a menina foi levada para o Gabinete da Direção da Escola. Eu e outros colegas que também éramos professores da aluna, fomos chamados, para reunidos colaborarmos com a Diretora, quanto ao atendimento da jovem.
Certo dia, uma das minhas alunas da 7ª série envolveu-se em uma confusão com um Professor da classe, meu colega de trab...alho e de horário. A situação foi considerada gravíssima, e a menina foi levada para o Gabinete da Direção da Escola. Eu e outros colegas que também éramos professores da aluna, fomos chamados, para reunidos colaborarmos com a Diretora, quanto ao atendimento da jovem.
Quando questionada pela Diretora, que buscava o motivo de tanto desajuste às regras da escola, a menina em voz alta e desafiadora, diante de todos os seus professores, simplesmente falou: “sou negra, pobre e burra, se eu não fizer bagunça, ninguém irá me notar”.
Eu e os outros companheiros fomos apanhados de surpresa, diante de tanta verdade. A menina denunciou de forma clara, como ela se sentia, o que provavelmente retratava de alguma forma uma realidade escolar, que nós professores, com tantas obrigações para cumprir provavelmente estávamos incorrendo no erro de ignorá-la. A menina, era invisível aos nossos olhos.
Confesso que coloquei a carapuça e me dei conta, que apesar da menina não causar problemas em minhas aulas, eu não a tinha notado até àquela data.
Os alunos invisíveis são um desafio para os educadores!
Edison Borba
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