Que me desculpem os galãs e as mocinhas,
mas o charme dos vilões e vilãs, é
inquestionável. Chega-se em alguns momentos a torcer por eles. Na maior parte
da trama, mostram-se mais inteligentes conseguindo representar diferentes emoções. São personagens
imprevisíveis, capazes de criar dúvidas em nossos sentimentos.
Atualmente, estão em exibição em vários canais folhetins que abrem espaço para essas
criaturas do mal, fazerem a festa. Independentemente da atuação do ator ou
atriz, a postura dos vilões é um prazer à parte.
Quem não fica inebriado com a presença
da malvada Baronesa – Constância.. Capaz de amar e odiar na mesma intensidade.
Entre o neto e a “nora”, ela passeia sentimentos múltiplos.
Vivendo situação opostamente semelhante,
Berenice, é o espelho da Baronesa. Tão má e tão amante do seu companheiro, a
quem manipula deliciosamente. Uma no castelo, outra na favela, mas ambas
deliciosamente cruéis.
Podemos somar a essas duas vilãs, outra extremamente
ferina, a mãe do delegado. Dona Eulália escondida pela batina do padre e as
rezas de confessionário, é cruelmente maliciosa. É capaz de destilar seu veneno
em meio às orações, numa crueldade cristã de dar inveja ao demônio.
Todas são maravilhosamente más. Suas
presenças são marcantes, deixando as mulheres do bem, sempre atônitas com suas
múltiplas formas de enganar.
Em outro canal, é a vez do galã vilão. Escondido por uma aparência de bom
menino, ele (Dagoberto) apaixona as mulheres que o rodeiam. Entre crimes e
mentiras encanta pela astúcia e
aparência de menino carente, deixando a turma do bem, com suas
vidas comprometidas com suas artimanhas.
Viajando entre Brasil e Turquia, o russo
encanta mulheres experientes. Usando de
um charme, oposto aos dos galãs bonzinhos, esse vilão é capaz de conquistar
gatos e gatas com suas pegadas de galã
às avessas.
O personagem Wanda nos encanta pela
capacidade de driblar a vida. Age com tanta naturalidade que às vezes chegamos
a duvidar das suas intenções. Para ela o mal e o bem estão separados apenas por
um ponto de vista, o dela.
E assim, as novelas mostram um lado
desumano da vida. Sabemos que no final, o bem sempre vence o mal, apesar das
dificuldades para se chegar a esse desfecho.
Os vilões são tão perfeccionistas,
inescrupulosos, cautelosos e inteligentes que os autores se tornam suas
vítimas. Para exterminá-los são obrigados a criar finais pouco prováveis de
serem levados a sério.
A vida imita a arte ou a arte imita a
vida: nesse quesito temos verdadeiros exemplos de que os maus vêm superando os
bons. Não é necessário fazermos grandes esforços para encontrarmos exemplos em
nossos dias. Quando abrimos os jornais, encontramos condenados eleitos para
ocupar cargos de altíssima importância no país. Assistimos passivamente nossa
sociedade apoiando os vilões, enquanto os mocinhos se perdem em discursos
vazios.
Apesar de constrangido, tiro o meu
chapéu para eles.
Edison
Borba
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