Vovó Lilica, apesar de seus noventa e muitos anos, ainda é
uma carnavalesca “arretada”. Nos seus tempos de juventude brincou muito nos
salões do Copa e outros menos cotados. Vovó ainda guarda à sete chaves algumas de
suas comprometedoras fotos.
Todos os anos ela se coloca frente ao televisor e só arreda o
pé, na quarta – feira de cinzas. Ela canta os sambas das escolas e sabe de tudo
o que acontece nas outras cidades, como Salvador, Recife, São Paulo e muito
mais.
Foi durante um desfile de uma das escolas, que vó Tetéia,
desabafou: “Quanta abundância carnavalesca!”
Os familiares, ouvindo tamanho espanto, tratou de tentar
entender o seu pensamento: é claro vozinha, no carnaval as Escolas de Samba
gastam muito com fantasias, adereços, carros alegóricos, instrumentos musicais
e precisam de dinheiro, para oferecer para o público esse abundante espetáculo
de luzes e cores.
Vovó indignada com a nossa interpretação, tratou de
explicar-se: - Não estou falando de dinheiro, o que abunda no carnaval são
bundas! Eu estou aqui sentada e não aguento mais ver bunda gorda, magra,
siliconada, estriada, caída, empinada, suada e outras que me deixaram
assustada. A abundância no carnaval do Brasil é a culpada pela nossa situação
política atual!
Todos os familiares exigiram da anciã uma explicação para
esta observação: o que é, que uma bunda tem a ver com política?
Vó Tetéia explicou: desde que Cabral chegou em nossas Terras,
seu escrivão o tal de Pero Vaz de Caminha percebeu que aqui tudo existia em
abundância!!!
Todos se calaram e ficaram a refletir sobre a filosofia da
vovó!
Edison Borba
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