"Professor, eis aqui meu filho! Eduque-o.
Faça dele um cidadão exemplar.
Não se preocupe em puni-lo, eu estarei
ao seu lado. O importante é que ele aprenda.
Por favor, exija dele o máximo. De
muitos deveres para casa.
Faça com que ele escreva bastante e leia
diariamente. Responder às suas perguntas é dever dele.
Obedecer sem questionamentos, é sua obrigação.
Não admita que haja contestações.
Quero estar em casa ou no trabalho,
tranquilamente, sabendo que ele está em boas mãos, as suas mãos. As mãos de um
professor!
Lamento que não haja mais palmatória. Naquele
tempo o ensino era muito melhor. Meninos e meninas não questionavam, obedeciam!
Faça-o responder sempre que for solicitado!
Obediência, seriedade e respeito são as
palavras mais importantes da educação. Meninos e meninas devem se
transformar em cidadãos honestos e éticos. Horários, organização e limpeza são outros
fatores que eu exijo. No meu tempo a educação era higiênica. Não podíamos ter
pensamentos indevidos e pecaminosos. As escolas eram templos imaculados do
saber.
Professor, estou, entregando-lhe o meu filho,
quero que me devolvas um cidadão de respeito. Temos que forjar o caráter dos
jovens. Fazer deles pessoas fortes e corajosas. Não admito choro. Quando
educamos temos que ser firmes. A única ocupação dos estudantes é com os
livros e os deveres acadêmicos. Nada de moleza. Quero que a escola faça brotar o
espírito de cidadania e amor à pátria. Eles precisam aprender responsabilidade.
Professor eis aqui o meu
filho!”
Apesar
do que está escrito acima parecer uma aberração ou loucura, traduz de alguma
forma o desejo de muitos familiares. São vontades diluídas através de pequenos
gestos e palavras. O professor fica na corda bamba, se tentar manter as regras poderá
responder até processos em delegacias, mas ao contrário, é negligente. Apesar
de estarmos vivendo, momentos complicados com a educação e com a sociedade brasileira,
ainda se espera muito do ambiente escolar.
As escolas e tudo que nelas existem devem valer para formar
profissionais e cidadãos úteis. Mesmo quando o ambiente escolar é frágil e sem
apoio.
Transformar é o que a sociedade ainda almeja.
Delegam-se aos professores, grandes responsabilidades. Espera-se dos educadores comportamentos exemplares de abnegação, bondade, equilíbrio, inteligência e capacidade de lidar com as mais diferentes “diferenças”.
São
muitas responsabilidades para trabalhadores tão pouco valorizados pela própria
sociedade que espera deles muito mais do que consegue dar. Colaborar na
consolidação de hábitos sadios sem perder o foco no conteúdo de sua disciplina.
A
função do professor é exercida solitariamente. Quando a porta da sala se fecha,
ele assume a responsabilidade para com um numeroso e diversificado universo
humano. Oriundos de comunidades e lares com diferentes orientações. Como
responder as expectativas sociais, quando as suas próprias necessidades não
estão sendo adequadamente atendidas?
O
magistério é profissão de risco.
Edison
Borba
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