Rio de
Janeiro, Belford Roxo, um bairro da
cidade
É menina
morta, é bala perdida, é choro e gritos
É mãe
lamentando, povo reclamando, é sangue no chão
Em outro
lugar da mesma cidade, tiros mais tiros
Escolas
fechadas, crianças deitadas no chão da unidade
A aula de
hoje, tem como conteúdo a sobrevivência
A menina, a
morta chamava-se Daiane, tinha só 15 anos
Chegava em
casa voltava da escola, cadernos manchados
É sangue é
vermelho de menina brasileira
Daiane não
resistiu - Daiane morreu – estudava e sonhava
Com um
futuro brilhante, emprego elegante
Ser cidadã,
ter documentos e poder votar
Os professores
que ensinavam Daiane
Terão que
informar aos outros alunos
Como fazer
para escapar e não morrer
Como a
colega, aquela menina, aplicada aluna
Que se
dedicava estudando as “matérias”
E as outras
crianças? As deitadas no chão de um CIEP?
Também estão
aprendendo, com professores chorando
Ensinando
com lágrimas a sobrevivência
Pedagogia da
morte, que ensina ter sorte
Escapar com
vida da bala perdida.
Edison Borba
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