Em todos
os lugares do mundo a profissão “professor” é apontada como a mais
indispensável. Essa importância, que coloca o mestre acima de todos os outros
profissionais, está na simples razão de que nada se aprende sem ter que ensine.
Em mais
de quarenta anos de exercício do magistério, ajudei a formar os mais diferentes
profissionais: médicos, professores, garçons, balconistas, advogados,
bancários, cozinheiros além de outras profissões. Lamentavelmente, nem sempre
tive êxito. Alguns dos meus pupilos tornaram-se traficantes, prostitutas e já
chorei ao saber da morte de alguns. Felizmente, o saldo positivo é superior e compensa
os anos de trabalho.
Dentro
desse contexto, encontram-se também os políticos. Já recebi propaganda de exalunos
que buscavam conseguir vaga como vereador, deputado e até prefeito. Alguns
lograram êxito e hoje ocupam cargos de relevância no cenário nacional. Às vezes
leio seus nomes em colunas de jornais e lembro-me dos seus rostos, no meio da
classe tentando responder alguma questão da aula. O que mais me deixa intrigado
é saber, que este cidadão, que participou das minhas aulas, hoje é um perigoso
carrasco, que esqueceu todos os ensinamentos sobre humanidade e democracia.
Diante do
movimento de greve dos profissionais da educação, causa-me espanto saber que
prefeitos, governadores, secretários e demais senhores e senhoras da política brasileira, que um dia
ocuparam as salas de aula e que aprenderam as primeiras letras através do
trabalho de professores tornaram-se insensíveis e cruéis. Não se preocupam em
humilhar, desdenhar, amedrontar e até ameaçar àqueles que foram seus orientadores.
Triste
sina a nossa de professor! Preparar os próprios algozes. Ensinamos a ler e a escrever, apontamos
caminhos e batalhamos para que em nossas salas de aula, o ambiente possa ser o
mais democrático. Ensinamos o valor dos números, dos mapas e da natureza.
Explicamos a importância da saúde e orientamos as formas de manter o corpo e a
mente, equilibrados. Ajudamos a caminhar para o mundo e infelizmente alguns
usam de seus poderes para punir seus mestres.
Será que
é isso que chamam de sacerdócio?
Será que
ser professor é ser um mártir?
Será que
educar é um ato perigoso?
Ensinamos
o religioso e o bandido. O operário e o político. Estamos lidando sempre com as
extremidades sociais e muitas vezes preparamos aqueles que um dia se voltarão
contra nós.
Pai
afasta de mim este cálice!
Edison
Borba
Nenhum comentário:
Postar um comentário