Numa
reunião de amigos, dessas que fazemos uma vez ao ano para contabilizarmos a
saudade, novidades e “abobrinhas”,
chegou o momento de apresentarmos os filhos e netos através de
fotografias. Nessa hora, houve um pequeno tumulto em torno de celulares
sofisticados, nos quais estavam inseridas as nossas memórias. Foi, complicado e
confuso quinze pessoas tentando entender os mecanismos eletrônicos de cada um
dos aparelhinhos. O que era para ser um momento de prazer tornou-se uma “orgia”
de mãos e braços, óculos e olhos, numa luta para tentar ver nas pequenas
telinhas a grande quantidade de imagens.
De
volta para casa, fui até a gaveta do armário do quarto e encontrei dentro de
uma caixa de papelão (aquelas usadas nas sapatarias) fotos de familiares,
amigos animais de estimação e de lugares por onde andei.
Sentei-me,
sozinho e fui admirando cada rosto, paisagem, risos, abraços, poses,
brincadeiras, momentos de felicidade, armazenadas naquelas fotos, que pude
manusear tranquilamente uma a uma, tentando reanimar dentro de meu peito as
emoções. Fechei os olhos e com as fotos esparramadas ao meu redor, pude fazer
uma linda viagem.
Revi
amigos, brinquei com meus irmãos, senti o gosto do bolo dos aniversários,
visitei lugares ruas e praças e antigas residências que já não existem mais.
Foi um momento lindo e maravilhoso, que pude aproveitar, em companhia das
antigas fotografias.
Como
será que meus filhos e netos farão, quando estiverem com a minha idade?
Espalharão pelo quarto diversos celulares? Abrirão as telas dos computadores e farão
desfilar uma a uma, os milhares de fotos armazenadas em arquivos? E quando a
saudade bater e der vontade de beijar um rosto amigo? Beijarão as telinhas
“celuláricas” ou se abraçarão aos computadores rolando pela cama, lembrando
momentos incríveis?
O
tempo passa e os costumes mudam, mas emoções sempre serão as mesmas, o nó da
questão está na forma que haverá de ser descoberta para relembrar os bons
momentos da vida através da memória eletrônica.
Edison
Borba
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