Houve
tempo, aqui no Brasil, que a maior que ameaça as famílias era o ladrão de
galinhas. Aproveitando a distração dos “guardas noturnos”, que circulavam pelas
ruas da cidade, usando apitos para avisarem de sua presença, as “penosas” eram
alvos constantes dos meliantes. Era época em que malandro frequentava o
botequim de esquina, usava calça branca e quando brigava, poderia usar uma
navalha. Os grandes roubos eram apenas retratados pelo cinema ou nas
radionovelas e os políticos gozavam de alguma credibilidade. Se havia desvio de
verbas, era discretamente e não chegava
ao conhecimento da população.
Os
tempos mudaram, a tecnologia sofisticou o crime e os ladrões caminham
livremente usando paletó e gravata. A navalha foi trocada por armas de alto
poder destrutivo e estão nas mãos dos traficantes.
A
sofisticação da sociedade trouxe uma
escala social que classifica a bandidagem.
No
alto da escala, estão os bandidos classe
A. Eles circulam livremente pelos
palácios, frequentam festas elegantes, saem em capas de revistas e são eleitos
pelo processo democrático. Estão garantidos pelos direitos parlamentares,
possuem contas bancárias em outros países. Neste grupo, além de políticos encontram-se empresários e funcionários do
alto escalão do governo e algumas celebridades.
O
grupo classe B, contém secretárias e assessores de grandes empresas ou de
importantes políticos e os traficantes
que mesmo não sendo recebidos nos salões da alta sociedade possuem altas congas bancárias.
Na
classe C, são os que ocupam as
comunidades, controlam o tráfico local, abastecem as classes A e B com
substâncias químicas (drogas) para garantir a alegria nas festas e baladas
frequentadas por uma juventude saudável malhada
em academias que frequenta universidades e são considerados descolados. Aqui também
estão os golpistas e os vigaristas.
Na
classe C, estão aqueles que trabalham na linha de frente do mercado dos
tóxicos, aplicam golpes de saidinha de bancos, frequentam shoppings, usam
roupas de “marca” compradas nas feiras e nas bancas dos camelôs, usam as
redes de internet para mostrarem seu poder e conquistam as “minas” nas
comunidades.

Que
saudade do ladrão de galinha, cujo objetivo era conseguir para o almoço de
domingo, uma galinha, para fazer um ensopado com batata e comemorar com os
amigos, bebendo muita cerveja gelada.
Edison
Borba
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