Acelera Ayrton!
Acelera corações!
Acelera Brasil!
Acelera mundo!
Os domingos com Ayrton eram acelerados. Pela
manhã, todos se preparavam para pilotar um carrão e competir. Nos lares, nas
ruas e bares um frenesi envolvia cada pessoa. Paixões explodiam. Ayrton era
nosso irmão, nosso filho, nosso amigo. Um brasileiro de nacionalidade múltipla.
Ayrton era italiano, japonês, alemão, argentino, australiano ele era o mundo.
Em todos os lugares crianças, jovens e adultos explodiam em emoção a cada
curva, nas retas, na saída e na chegada quando a bandeira assinalava a sua
passagem pela linha da vitória. Ayrton era um Deus que voava pelas pistas
levando multidões ao delírio. Mesmo quando não vencia a emoção era a mesma.
Ayrton era homem, gente, pessoa, cidadão, trabalhador. Ayrton era e ainda é
paixão. Seus olhos tristes e rosto sério, nos levava a reflexão. Mesmo nos
momentos de felicidade, quando explodia o champanhe, havia algo sublime naquele
CARA. Os domingos nunca mais foram os mesmos depois daquele dia primeiro de
maio. Seu carro parou, seu coração parou e o mundo parou. Na Terra fez-se um
pesado silêncio. Durante alguns minutos a respiração mundial parou. Um longo e
sofrido momento de espera, até a triste revelação. Ayrton havia voado para o
céu. Pegou a reta em direção ao paraíso e como um anjo foi morar nas nuvens
deixando órfãos milhões de cidadãos. Quis o destino que Ayrton nos deixasse num
primeiro de maio. Não podia ser diferente. O trabalhador das pistas. O
construtor de sonhos. O carpinteiro de ilusões. O pintor de desejos. O maestro
da ternura. O professor de ética. O doutor especialista em alegria e felicidade
foi exercer a sua maior função a de unir os mais diferentes povos numa só
emoção: PAZ!
Ayrton era paz! Seu trabalho nas pistas era um
exemplo de que é possível competir sem destruir. Suas vitórias eram partilhadas
até com seus adversários de pista. Hoje, primeiro de maio há uma saudade na
gente. Nossos corações ainda guardam as emoções daqueles domingos onde acelerar
era o verbo.
Acelera Ayrton! Acelera garoto! Acelera ...
Edison Borba
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