A vida humana é composta de uma
infinidade de momentos, alguns tão efêmeros que se apagam numa fração de
segundos. A admiração do belo é algo que acontece tão rapidamente, que algumas
vezes só nos damos conta do que foi visto, algum tempo depois do acontecido.
Ao assistirmos, os passos de uma
bailarina, nos perdemos diante da dimensão da arte da dança. Os movimentos do balé, se desfazem
numa pirueta que nunca mais vai se repetir. Quem já assistiu a
apresentação de uma obra como o Lago dos Cisnes, sabe que todas as
apresentações são diferentes. Cada ato, cada cena, cada passo muda a cada
apresentação. O que irá ficar gravado em nossas mentes só poderá ser
revisitado, quando num momento de tranquilidade pudermos passear pela nossa
memória e voltarmos a contemplar num pequeno segundo a beleza daquele momento
vivido na plateia de um teatro.
Quando visitamos um museu e nos
deparamos com as grandes obras, ficamos em êxtase diante de um quadro, porém o
nosso tempo de captação da imagem, será apenas de alguns segundos. Dura somente
enquanto estivermos extasiados diante da obra. O que irá ficar, será impresso
em nosso cérebro, para nos deleitar num momento de relaxamento e contemplação
quando a bela imagem da pintura se torna realidade em nosso pensamento.
E assim, aos poucos a arte da
contemplação vai se enriquecendo e nos tornando pessoas diferentes, mais
apuradas, mais lapidadas. É necessário nos presentearmos com momentos de arte
para que possamos crescer como seres humanos.

Poder voltar a ouvir os acordes de uma
bela melodia, anos depois da audição de um grande pianista, é fortalecer nosso
espírito ou a nossa psique, com gotas de arte, que só podem ser sorvidas em
momentos de pura contemplação.
Um dos maiores homens na arte
contemplativa foi Jesus. Capaz de permanecer horas sentado sob uma árvore, revisitando
através de seus pensamentos a grandiosidade da obra de seu Pai.
Provavelmente a sua natureza divina o
permitisse mergulhos tão profundos em seu interior. Quem fica continuamente preso
às angústias, as ansiedades e aos estresses sociais, jamais terá o prazer de
gozar momentos de tranquilidade e de contemplação. Para essas pessoas o belo
nunca irá existir em sua maior dimensão. Diante de uma obra de arte não
conseguirão apreciar a leveza do traço do pintor, a elegância dos passos de uma
bailarina ou os acordes angelicais de uma sonata.
O homem moderno é capaz de analisar
partículas atômicas, manobrar complicadas máquinas e digitar numa grande velocidade,
seus micro, computadores, porém não
consegue um segundo de concentração para compreender a sua própria existência.
Ele conhece os aparelhos e se desconhece como pessoa. É capaz de deixar
penetrar em seu cérebro, uma infinidade
de sons, mas não consegue relaxar e permitir que todo o seu corpo vibre
equilibradamente, num momento de total entrega do seu ser na arte da
contemplação.
A inteligência e o equilíbrio do Homem
de Nazaré, o permitia ser eloquente sobre qualquer assunto que abordasse. Essa
capacidade e lucidez vinham de todo o seu organismo, através das vibrações
uníssonas dos seus órgãos. Ele conseguia emanar conhecimentos, armazenados e
depurados através da contemplação.
Apesar da arte contemplativa, ser
vista como algo especialmente difícil e só sendo conseguida por pessoas
especiais, vale a pena, tentar diariamente, buscar este caminho. Basta
silenciar por alguns segundos e voltar os pensamentos para algo que nos
transmita paz e harmonia. Mesmo que seja apenas por uma fração de segundos,
este momento contemplativo será responsável por obtermos uma grande paz
interior.
Vale
tentar!
Edison Borba
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