sábado, 1 de novembro de 2014

O DIA DO RENASCIMENTO!

        Dois de novembro, reservado para lembrarmos os mortos, é um dia para reflexões. A certeza de que um dia iremos morrer e a incerteza do que acontece conosco após este fenômeno. Numa visão biológica, a morte corresponde o cessar de todas as reações metabólicas do organismo. A partir desta paralisação, a tendência é haver uma desagregação do material orgânico, que irá se decompondo, graças a ação de microorganismos. Porém, enquanto estamos vivos, é comum encontrarmos traços que nos remetem a pessoas que muitas vezes nem chegamos a conhecer. O sorriso da avó paterna, a forma de falar de uma tia,  o contorno  do rosto  do avô materno e assim vamos reconhecendo através do fenótipo características que fizeram parte do genótipo de pessoas que morreram, mas deixaram de uma forma genética, suas lembranças.
Nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, nossos tataravós  nossos antepassados. Todos nós somos provenientes de uma relação de seres, que passaram suas bases genéticas adiante, perpetuando as características da nossa espécie.
Levando-se em conta que os genes são constituídos de moléculas bioquímicas, que passam de geração em geração, até encontrar condições favoráveis para se manifestarem, podemos imaginar e até sonhar, que provavelmente em nosso organismo exista uma porção bioquímica que existiu no organismo de algum antepassado. Essa pode até ser uma ideia enlouquecida, imaginarmos que de alguma forma ainda está viva alguma porção química que conviveu no organismo do meu bisavô ou da minha tataravó.
Reflexão interessante e fascinante quando “comemoramos” o dia de finados. Permite um mergulho no inexplicável mundo da morte,  talvez seja uma forma sonhadora de mantermos vivos, aqueles que amávamos e,  que deixaram de existir, faleceram.
O fenômeno da morte ainda é um tabu para a maioria das sociedades. O medo de morrer e de perder pessoas amadas nos  assustada.  Vivemos procurando formas de manter vivos amigos queridos e familiares. Retratos, roupas, cartas e tantos outros “amuletos”, nos quais nos apegamos para ter para o sempre o bem que se foi. Cadernos de recordações, diários são também usados para mantermos vivos os nossos finados. Uma roupa com o perfume, um som, uma melodia, um sabor são elementos que os materializam por segundos.
Buscamos comunicações através de “paranormais” e “médiuns” que através de “poderes” que não sabemos explicar, fazem comunicações com o mundo dos mortos, trazendo recados e dessa forma nos confortando.
Mas tudo isso, está sempre envolto numa atmosfera de desconfiança. Há sempre uma dúvida quanto a veracidade da mensagem recebida. Nosso egoísta desejo de manter viva a presença de quem amamos  leva-nos a buscar as mais inacreditáveis fórmulas e formas de contato.
Por mais avançada que sejam as novas tecnologias, ainda não conseguiu resolver a dor da perda para a morte. Como substituir filhos, pais, amigos e amores. Mesmo quando se mergulha no mundo da fantasia e os clones aparecem como substitutos, sabemos que eles não poderão substituir a matriz.
Seja como for, a saudade continuará, sendo  responsável por fazer renascer e manter vivo quem jamais morrerá em nosso pensamento.
PORÉM!
Esse desejo pode e deve ser um incentivo para a doação de órgãos. Imaginemos o coração de um ente querido, continuar pulsando no peito de uma pessoa. Gerando vida e alegria para outra família. Doar órgãos é perpetuar a vida de nossos entes queridos. É uma atitude de amor em mão dupla: para quem deixou de viver e para quem poderá continuar a viver.
Edison Borba
 

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