Dois de novembro, reservado para
lembrarmos os mortos, é um dia para reflexões. A certeza de que um dia iremos
morrer e a incerteza do que acontece conosco após este fenômeno. Numa visão
biológica, a morte corresponde o cessar de todas as reações metabólicas do
organismo. A partir desta paralisação, a tendência é haver uma desagregação do
material orgânico, que irá se decompondo, graças a ação de microorganismos.
Porém, enquanto estamos vivos, é comum encontrarmos traços que nos remetem a
pessoas que muitas vezes nem chegamos a conhecer. O sorriso da avó paterna, a
forma de falar de uma tia, o contorno do rosto
do avô materno e assim vamos reconhecendo através do fenótipo
características que fizeram parte do genótipo de pessoas que morreram, mas
deixaram de uma forma genética, suas lembranças.
Nossos pais, nossos avós, nossos
bisavós, nossos tataravós nossos
antepassados. Todos nós somos provenientes de uma relação de seres, que
passaram suas bases genéticas adiante, perpetuando as características da nossa
espécie.
Levando-se em conta que os genes são
constituídos de moléculas bioquímicas, que passam de geração em geração, até
encontrar condições favoráveis para se manifestarem, podemos imaginar e até
sonhar, que provavelmente em nosso organismo exista uma porção bioquímica que
existiu no organismo de algum antepassado. Essa pode até ser uma ideia
enlouquecida, imaginarmos que de alguma forma ainda está viva alguma porção
química que conviveu no organismo do meu bisavô ou da minha tataravó.
Reflexão interessante e fascinante
quando “comemoramos” o dia de finados. Permite um mergulho no inexplicável
mundo da morte, talvez seja uma forma
sonhadora de mantermos vivos, aqueles que amávamos e, que deixaram de existir, faleceram.
O fenômeno da morte ainda é um tabu para
a maioria das sociedades. O medo de morrer e de perder pessoas amadas nos assustada.
Vivemos procurando formas de manter vivos amigos queridos e familiares.
Retratos, roupas, cartas e tantos outros “amuletos”, nos quais nos apegamos
para ter para o sempre o bem que se foi. Cadernos de recordações, diários são
também usados para mantermos vivos os nossos finados. Uma roupa com o perfume,
um som, uma melodia, um sabor são elementos que os materializam por segundos.
Buscamos comunicações através de
“paranormais” e “médiuns” que através de “poderes” que não sabemos explicar,
fazem comunicações com o mundo dos mortos, trazendo recados e dessa forma nos
confortando.
Mas tudo isso, está sempre envolto numa
atmosfera de desconfiança. Há sempre uma dúvida quanto a veracidade da mensagem
recebida. Nosso egoísta desejo de manter viva a presença de quem amamos leva-nos a buscar as mais inacreditáveis
fórmulas e formas de contato.

Seja como for, a saudade continuará, sendo responsável por fazer renascer e manter vivo
quem jamais morrerá em nosso pensamento.
PORÉM!
Esse
desejo pode e deve ser um incentivo para a doação de órgãos. Imaginemos o
coração de um ente querido, continuar pulsando no peito de uma pessoa. Gerando
vida e alegria para outra família. Doar órgãos é perpetuar a vida de nossos
entes queridos. É uma atitude de amor em mão dupla: para quem deixou de viver e
para quem poderá continuar a viver.
Edison
Borba
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