A
linha branca e a agulha andavam sempre juntas. A agulha sempre alerta, seguia
em frente, puxando a linha branca por caminhos tortuosos. Infelizmente, ela a
agulha, não era muito fiel e constantemente trocava de linha, isto é, a agulha
não gostava de andar na linha.
Certo
dia, a agulha encontrou uma linha vermelha, e passou a caminhar com ela. A
amizade entre as duas era tão intensa, que a agulha não caminhava “apenas com”,
mas curtia passar por ela, isto mesmo, passear nela como um casal quando faz
amor. O que a empedernida agulha não sabia, é que a linha vermelha era
perigosa. Vivia aliada, ou melhor, alinhavada com bandidos e abria mão de suas
curvas para que eles passassem sem problemas. Muitas vezes, ela agia emaranhando
a vida dos policiais. A orgulhosa
agulha, que tinha dado bolo na linha branca e na verde e em outras, foi ficando
desmoralizada. Até que um dia, ela (a agulha), quando estava se deliciando com
a vermelha, um tiroteio deixou-a (a agulha) bem no meio da bagunça. A linha
vermelha, que pertencia ao bando do tráfico, nem se abalou, deixando a agulha
na maior fria.
Após
alguns dias amargando o dissabor da situação vivida com a tal vermelha e frequentar
algumas consultas com o Dr. Alfinete, excelente psiquiatra, a agulha voltou a
sorrir e a buscar um novo amor.
E
foi neste estado de euforia que ela se apaixonou pela linha amarela. Ficou
encantada com suas curvas e também com as retas. A amarela era uma linha popular,
sendo bastante conhecida pelo povão. A agulha não sabia que a linha amarela, também era muito
“usada”, isto é, muita gente a curtia, e que ela assim como a vermelha, também
tinha sues rolos e novelos com o pessoal da pesada. Ela, já sofrera algumas
intervenções policiais, sendo até fechada pelos delegados.
A
agulha desesperada com essa nova decepção, voltou ao consultório do Dr.
Alfinete, que a aconselhou um retiro
numa caixa de costura.
Hoje
a agulha está vivendo numa pacata comunidade liderada pelo Senhor Dedal e Dona
Tesoura, junto com outras linhas de várias cores e principalmente com um
experiente Alfinete de Fralda, que está abandonado desde que as descartáveis foram inventadas, com o qual ela
(a agulha) tem sido vista constantemente.
Fala-se
em um possível caso amor na comunidade da Alta Costura.
Edison Borba
Atenção
para quem não vive no Rio de Janeiro:

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