Depois de tantos divórcios, anda um pouco em desalento
Agora o negócio é beijar, ficar e abandonar
Quanto ao verbo casar ninguém mais quer conjugar
Santo Antônio desolado lá no céu vive a chorar
Está quase desempregado pois não pode trabalhar
Pobre do padroeiro dos casais comprometidos
Que acreditavam no amor, namoravam e noivavam
Esperando a hora certa para sentir o sabor
Da fruta boa e proibida que ficava bem guardada
Para ser saboreada depois da religiosa benção
Mas agora veja só, meu querido Santo Antoninho
A fruta já vem descascada, muito bem saboreada
Antes da cerimônia no altar acontecer
E o pobre Santo Antônio fica todo envergonhado
Quando o padre inocente, autoriza o noivo, a noiva beijar
Bem diante do altar como se aquele beijo fosse mesmo o primeiro
Trocado pelo jovem par, o que o sacerdote desconhece
É que o beijo na igreja, logo após a sua benção
É apenas um teatro para tirar retrato
Mas o melhor da festa já faz tempo que ocorreu
E a lua que era mel já aconteceu num motel!
Edison Borba
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