Dias e dias. Noites e noites. Chuva e sol. Amanheceres...
Nair,
a guerreira, de nada participa, seus olhos estão absolutamente voltados para o
“seu” Tuneca. Ela se mantém firme, sempre elegante, não se curvando diante da
parafernália que a envolve dentro do hospital.
Médicos,
enfermeiros, agulhas, soro, oxigênio, nutricionistas, fonoaudiólogos,
terapeutas, algodão, injeção, radiografias, receitas, lençóis, jalecos,
sussurros, opiniões, laudos, telefonemas, pomadas, tomografias, gazes, relógio,
espera, angústia, mãos trêmulas, tristeza, vazio, solidão, angústia e
informações truncadas passadas a ela na tentativa de enganá-la, mas, Nair tem
consciência de tudo que está acontecendo ao seu redor.
Naquele
quarto de paredes pintadas de um pálido verde, um quadro tenta alegrar o
ambiente e um relógio marca cada segundo da existência de um homem, Antônio.
Firme,
ela mantém a esperança e uma inabalável fé!
Em
nenhum momento o medo, o desespero e a angústia são observados em seu rosto.
Com atitudes firmes ela observa todos os profissionais que cuidam do seu homem.
Para
ele, ela doa carícias, palavras de amor, suaves toques, orações, olhares
carinhosos e quando alguma lágrima tenta escapar de seus olhos um lencinho de
renda cuida de apagar aquele vestígio de saudade.
Nair
sabe que o seu amor está navegando por estranhos oceanos, de águas algumas
vezes calmas outras vezes turbulentas, mas mesmo assim, ela acredita que “navegar
é preciso” e que viver é passageiro é efêmero e não é preciso.
Antônio
e Nair criaram um mundo somente deles. Construíram palácios, viajaram pelo
mundo, cruzaram oceanos, voaram sobre montanhas e se amaram em todos os anos
que viveram juntos e que ainda haverão de viver.
E
como os navegadores antigos que Fernando Pessoa tão bem retratou em suas
poesias: “viver não é preciso, mas navegar, isto sim é preciso”.
Edison
Borba
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