Infelizmente, no desfile das Escolas de Samba, minha avozinha fica
desolada com a grande quantidade de bundas que assolam a tela do nosso
televisor. São bundas e bundas, numa incrível abundância. Raramente conseguimos
ver a apresentação das Comissões de Frente, a evolução do Mestre – Sala e da
porta Bandeira. Quando estamos nos deleitando com as apresentações, cortam a
imagem e aparecem as bundas depois as coxas e terminam nos sapatos e voltam
fazendo o caminho inverso. Nos camarotes, as entrevistas são de arrepiar. Mas,
o que fazer? É este o carnaval que nos mostram pela televisão.
Em Salvador, os trios se repetem da mesma forma que a euforia dos
jornalistas e das celebridades. As entrevistas também são dignas de figurarem
num arquivo morto. As perguntas e as respostas são as mesmas do tempo que a
televisão era em preto e branco, quando uma frase dominava os jornalistas: “se
a televisão fosse a cores!!!”
Mas, é carnaval, eu e minha avozinha vamos acampar na sala diante do
televisor a só sairemos na quarta – feira de cinzas, até lá ouviremos uma
tonelada de bobagens, veremos pernas, coxas, pés e bundas. Ouviremos
entrevistas inúteis e comentaristas que nada sabem, sobre o carnaval, e ficam
dando “pitacos” que nos divertem bastante.
Vamos ficar sabendo de fofocas, quem beijou quem, em quantas Escolas
de Samba aquele ator de segunda classe desfilou, para ser fotografado, quem
colocou silicone e onde o mesmo foi colocado. Mas é carnaval ...
Também vamos admirar o trabalho dos artesãos que ficaram dias e dias
montando carros alegóricos, belas alegorias, arte de duração efêmera. Os sambas
de enredo, cujas letras são capazes de nos revelar fatos históricos jamais
estudados nos bancos escolares. A estes profissionais, damos parabéns!
É carnaval, eu e minha vovó, vamos cair na folia na sala da nossa
casa. Vamos aproveitar estes dias, para esquecer um pouco as agruras da vida e
mergulhar na alegria!
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