Era
uma vez uma frondosa árvore. Seu grosso tronco era impossível de ser abraçado.
Seus muitos galhos e a grande quantidade de folhas propiciavam uma aconchegante
sombra no verão. Na primavera se enfeitava de flores, que anunciavam os frutos
que chegariam pelo outono. Mesmo no inverno, a majestosa árvore desnuda de suas
folhas, não perdia o seu porte, a sua postura de rainha.
Sempre vaidosa e orgulhosa da sua beleza, ela
reinava sobre as suas irmãs. Era a preferida pelos pássaros para a construção
dos seus ninhos e pelos namorados para se amarem à sua sombra.
Em
todo o bosque, não havia floração mais bonita e a produção de frutos mais
saborosos. Era uma rainha, uma deusa,
sem dúvidas, ela era muito especial.
E
assim os anos se passavam sem que nenhuma outra jovem árvore conseguisse
atingir o seu pedestal.
Certa
vez, um jovem casal buscou a sua sombra para trocarem juras de amor. Ela
orgulhosa por ter sido mais uma vez, testemunha de uma paixão, deixou cair
sobre os enamorados algumas pétalas das suas flores. Era tempo de primavera e o
seu perfume tornou aquele encontro especial, envolvendo os apaixonados num
clima de amor eterno.
Para
marcar para sempre a união, o rapaz
deixou gravado no tronco da vaidosa árvore, um coração com as iniciais do seu
nome e o da sua amada. Atitude comum entre enamorados. Outros corações já
haviam sido marcados em diversos troncos de árvores, incluindo no da vaidosa
rainha daquele bosque. Porém, esse coração tinha algo de especial. Ela, a
árvore vaidosa, não sabia explicar o que sentiu quando o rapaz deixou em seu
tronco a marca do seu amor. O jovem enamorado mexeu com o coração da
frondosa árvore. Desde aquele dia uma
sensação que ela nunca havia experimentado subiu por suas raízes e se espalhou
por todos os seus galhos e folhas.
Terminou
a primavera e o verão chegou esquentando todo o bosque trazendo famílias para as sombras. Depois o
outono com suas frutas e pássaros abriu espaço para o inverno, período em que o
bosque recebia poucas visitas.
Finalmente
as flores começaram a se abrir, anunciando mais uma primavera. Todo o bosque vibrou
de felicidade e ela a majestade mais ainda. Este ano suas flores estavam mais
coloridas do que em outros períodos. Como era bom estar novamente recebendo
elogios!
Uma
tarde, daquelas tardes agradáveis com uma suave brisa balançando as folhas e
derramando pétalas por todo o chão, um solitário rapaz aproximou-se da vaidosa
árvore. Ela o reconheceu. Era aquele que havia marcado o seu tronco e o seu
coração. Porém, ele estava sozinho. Chegou lentamente, procurou a sua marca,
deixando lágrimas brotaram de seus
olhos. Por alguns minutos, ele acariciou a tatuagem feita no tronco e murmurou
baixinho, palavras de amor.
Após
alguns minutos, o jovem se afastou lentamente, deixando a bela árvore triste e
preocupada. O que haveria acontecido?
Um
pássaro amigo sabendo da sua preocupação, contou-lhe que a bela jovem havia se
enamorado de outro rapaz deixando o seu antigo amor de coração partido.
A
nobre árvore, ao saber da notícia, sentiu vontade de arrancar suas raízes do
solo e correr em busca do lindo e sofredor amante. Mas, ela sabia que jamais
poderia conseguir tal façanha. Passou então a esperar que um dia ele voltasse,
mesmo que fosse com outra namorada.
E
assim o tempo foi passando e a vaidosa árvore esperando, esperando, esperando.
Seus frutos perderam o sabor, suas flores o perfume. Aos poucos seus galhos
começaram a murchar e suas folhas a secar.
Hoje,
quem passa pelo bosque, pode avistar de longe, uma grande e seca árvore. Apenas um tronco, galhos
retorcidos e um coração talhado em sua casca que o tempo não conseguiu apagar.
Edison
Borba
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