Mais uma
tragédia envolvendo amor, ciúme, paixão e morte abalou a sociedade
brasileira.Um formato que Shakespeare, em Otelo narrou com maestria.
A loucura que a desconfiança que leva ao ciúme e conduz ao
assassinato continua a se repetir. Homens confusos, mulheres lindas,
medo da traição, loucura e morte, tudo acontecendo num cenário que
não se modifica, anos após ano.
Desta
vez, a história aconteceu no mundo do funk; a dançarina Amanda
Bueno, foi cruelmente assassinada pelo homem que quatro dias antes
tinha se tornado seu noivo, numa bela festa em que os amigos puderam
participar do nascimento de mais um caso de amor.
Qual
Desdêmona, no dedo de Amanda ainda era possível ver a aliança que
há quatro dias selava o amor entre ela e seu noivo.
Ela
dançarina, linda, exuberante e famosa no mundo da música ele um
empresário que ao ser preso, ainda tinha no dedo a aliança que
seleva promessas de amor feitas à dançarina.
Ao que
tudo indica, o ciúme pode ter sido o motivo que enlouqueceu e levou
o noivo a matar de forma cruel aquela a quem jurou amor eterno.
Mais uma
história que se perderá no tempo, mais uma mulher assassinada pelo
machismo que ainda governa o mundo. Amanhã, os jornais estarão
embrulhando peixe e a tragédia se perderá entre as muitas que
aconteceram e ainda irão acontecer.
Amanda é
apenas uma dentre as centenas de mulheres mortas, violentadas,
estupradas, humilhadas, e submetidas a força do gênero masculino
que ao longo da história tem recebido educação para ver e tratar o
gênero feminino como submisso e inferior.
Nos anos
setenta, o assassino de Angela Diniz foi aplaudido por mulheres e
homens na saída do fórum após ser absolvido pelo crime que
cometeu. Outro péssimo exemplo, é o que a mídia tem dado em
relação ao caso do desapareceimento e possível assassinato de
Emília Samúdio, envolvendo Bruno,o jogador de futebol, que recebe
tratamento de celebridade em entrevistas,além de exibir suas novas
mulheres, que se encantam pelo assassino, esquecendo de que ele é um
perigo para o gênero feminino.
São
situações que nos assustamm e deixam claro que existe algo errado
com o comportamento da sociedade em relação à educação do
masculino brasileiro.
Quando
mergulhamos no processo educacional informal (passado pelas famílias)
e formal ( que é conseguido nas escolas), sentimos que existem
fortes tendências à educação machista. Pais, mães, tios, tias,
vizinhos homens e mulheres e até professores transmitem aos meninos
direta e indiretamente que ser homem é ser macho: bater, gritar,
impor-se pela força, exibir seu poder pelo sexo entre outros
quesitos que ao longo do desenvolvimento do menino, vai transformá-lo
num violentador de leis e regras sociais, orientado pela própria
sociedade que irá tentar puní-lo.
O tempo
passa, e a imagem do macho é, constantemente, transmitida pelos
comerciais, novelas, letras de música, comportamento de algumas
celebridades e muitas outras formas que a sociedade moderna educa
seus filhos.
É triste
vermos meninas, adolescentes e mulheres incentivando a aplaudindo
esse tipo de formação do homem brasileiro.
Ainda
levará muito tempo, até que a sociedade perceba que nós temos
grande parcela de responsabilidade na formação dos machos
causadores de feminicídios.
Enquanto
se negar aos meninos o direito de chorar e de demonstrar sua
fragilidade. Enquanto se ridicularizar ações masculinas de amor e
afeto. Enquanto o menino, o adolescente, o rapaz tiver que ter
atitudes estabelecidas “trogloditas”, exigidas pela sociedade,
para provar a sua virilidade, muitas mulheres continuarão a ser
vítimas deste tipo de crime.
Ainda é
tempo de mudar este tipo de história, caso contrário, muitas
mulheres ainda serão cruelmente assassinadas!
FOTOS: AMANDA, ELIZA, CLAUDIA, ÂNGELA e AÍDA.
FOTOS: AMANDA, ELIZA, CLAUDIA, ÂNGELA e AÍDA.
Edison
Borba
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