segunda-feira, 6 de abril de 2015

MATAR, MORRER ou CORRER

 
Nos anos cinquenta os Estados Unidos lançava o excelente Matar ou Morrer. Gary Cooper e Grace Kelly fizeram o par romântico deste incrível filme. Dois anos depois (1954) aqui no Brasil, nosso cinema brincava com o Matar ou Correr com Oscarito e Grande Otelo, divertindo os cinéfilos, numa engraçada comédia nacional.
Infelizmente a realidade não é bonita e nem engraçada: matar, morrer ou correr se for possível, é uma realidade no Brasil.
                                                 
No Rio de Janeiro, um período de violência no Complexo de Alemão com várias mortes e feridos aconteceu antes da Semana Santa. Até hoje o local está ocupado pelas forças policiais.
Infelizmente, começamos esta semana após a Páscoa, com mais três mortes.
Um homem atingido por bala perdida, enquanto esperava ônibus para voltar para casa após comprar ovos de Páscoa para a sua família. As outras duas mortes aconteceram dentro de um ônibus, após o enfrentamento entre um bandido e um policial. Tentativa de assalto, o policial revidou e ambos morreram.
                                        
No momento o Brasil é o terceiro país em população carcerária no mundo. Prendemos muito e recuperamos pouco. Detentos voltam à prisão, num processo de vai e vem, com a agravante dos crimes cometidos que se tornam cada vez piores, deixando claro que as prisões são escolas que preparam e aprimoram criminosos.
                                                                            
As casas de acolhimento para menores são repetições das penitenciárias, dando a cada adolescente recolhido um diploma de bandido, curso realizado no máximo em três anos.
Neste momento o País discute a diminuição da idade penal para 16 anos. Questão que há anos incomoda a população, que se assusta com o crescente número de jovens na delinquência. O grande problema é que no Brasil, há carência na educação e nas condições sociais da maioria da população, que transforma a questão numa polêmica social. Jovens que estão fora da escola, ou mesmo, quando frequentam aulas, o fazem sem nenhum interesse, muitas vezes até ridicularizando a figura do professor. Apesar de viverem em suas casas condições financeiramente difíceis, eles convivem com o poder e a força do traficante, que diariamente acena para eles as facilidades da vida no tráfico. Dinheiro, joias, amantes, festas, bailes e toda uma orgia de prazeres que, mesmo tendo a morte como pano de fundo, encanta vários meninos e meninas.
Diminuir a idade penal e manter as condições precárias das casas de acolhimento e a situação social do país continuar trágica, é aumentar o número de menores presos e prepará-los para se tornarem bandidos mais violentos e perigosos.
A reestruturação na questão da idade penal, requer também uma revisão e grandes mudanças nas casas de acolhimento, com pessoal preparado para atuar no processo de ressocialização. Professores, pedagogos, nutricionistas, recreadores, psicólogos, médicos e condições dignas nas instalações é o mínimo que se espera para que haja a possibilidade de recuperação dos jovens acolhidos.
Também é urgente que aconteça uma revolução social, com melhoria na qualidade de todos os serviços básicos para a população.
                                                                 
O Brasil há anos vive colecionando slogans, como: “Brasil, pátria do futuro!”; “Brasil, ame-o ou deixe-o!” e o atual “Brasil, Pátria Educadora” e continuamos estacionados nos itens relacionados à educação, saúde e segurança.
Chega de palavras! É hora de agir de forma decente e ética. Diminuir a idade penal também poderia ser uma alternativa para nossos políticos, ou seja aumentar os anos de cadeia que alguns merecem cumprir!
Edison Borba



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