Nos
anos cinquenta os Estados Unidos lançava o excelente Matar ou
Morrer. Gary Cooper e Grace Kelly fizeram o par romântico deste
incrível filme. Dois anos depois (1954) aqui no Brasil, nosso cinema
brincava com o Matar ou Correr com Oscarito e Grande Otelo,
divertindo os cinéfilos, numa engraçada comédia nacional.
Infelizmente
a realidade não é bonita e nem engraçada: matar, morrer ou correr
se for possível, é uma realidade no Brasil.
No
Rio de Janeiro, um período de violência no Complexo de Alemão com
várias mortes e feridos aconteceu antes da Semana Santa. Até hoje o
local está ocupado pelas forças policiais.
Infelizmente,
começamos esta semana após a Páscoa, com mais três mortes.
Um
homem atingido por bala perdida, enquanto esperava ônibus para
voltar para casa após comprar ovos de Páscoa para a sua família.
As outras duas mortes aconteceram dentro de um ônibus, após o
enfrentamento entre um bandido e um policial. Tentativa de assalto, o
policial revidou e ambos morreram.
No
momento o Brasil é o terceiro país em população carcerária no
mundo. Prendemos muito e recuperamos pouco. Detentos voltam à
prisão, num processo de vai e vem, com a agravante dos crimes
cometidos que se tornam cada vez piores, deixando claro que as
prisões são escolas que preparam e aprimoram criminosos.
As
casas de acolhimento para menores são repetições das
penitenciárias, dando a cada adolescente recolhido um diploma de
bandido, curso realizado no máximo em três anos.
Neste
momento o País discute a diminuição da idade penal para 16 anos.
Questão que há anos incomoda a população, que se assusta com o
crescente número de jovens na delinquência. O grande problema é que
no Brasil, há carência na educação e nas condições sociais da
maioria da população, que transforma a questão numa polêmica
social. Jovens que estão fora da escola, ou mesmo, quando frequentam
aulas, o fazem sem nenhum interesse, muitas vezes até
ridicularizando a figura do professor. Apesar de viverem em suas
casas condições financeiramente difíceis, eles convivem com o poder
e a força do traficante, que diariamente acena para eles as
facilidades da vida no tráfico. Dinheiro, joias, amantes, festas,
bailes e toda uma orgia de prazeres que, mesmo tendo a morte como
pano de fundo, encanta vários meninos e meninas.
Diminuir
a idade penal e manter as condições precárias das casas de
acolhimento e a situação social do país continuar trágica, é
aumentar o número de menores presos e prepará-los para se tornarem
bandidos mais violentos e perigosos.
A
reestruturação na questão da idade penal, requer também uma
revisão e grandes mudanças nas casas de acolhimento, com pessoal
preparado para atuar no processo de ressocialização. Professores,
pedagogos, nutricionistas, recreadores, psicólogos, médicos e
condições dignas nas instalações é o mínimo que se espera para
que haja a possibilidade de recuperação dos jovens acolhidos.
Também
é urgente que aconteça uma revolução social, com melhoria na
qualidade de todos os serviços básicos para a população.
O
Brasil há anos vive colecionando slogans, como: “Brasil, pátria
do futuro!”; “Brasil, ame-o ou deixe-o!” e o atual “Brasil,
Pátria Educadora” e continuamos estacionados nos itens
relacionados à educação, saúde e segurança.
Chega
de palavras! É hora de agir de forma decente e ética. Diminuir a
idade penal também poderia ser uma alternativa para nossos
políticos, ou seja aumentar os anos de cadeia que alguns merecem
cumprir!
Edison
Borba
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