A vida é rica em
ciclos. A história é estudada de ciclos. A natureza é organizada em ciclos. Os
ciclos representam um enigma: avançar e avançar e sem que se perceba voltar às
raízes, como se não tivéssemos seguido em frente.
Elis Regina fez um
grande sucesso cantando: “Como Nossos Pais”,
inesquecível interpretação de uma
letra que deixa claro, que apesar de termos feito tudo, tudo diferente, ainda
somos e vivemos como nossos pais.
Somos produto de
famílias patriarcais, onde os homens eram respeitados sem nenhuma contestação.
Esposas e filhos acatavam ao pé da letra as determinações paternas. A Terra
girou e girou elevando as mulheres à condição de matriarcas. Um significativo número
de mulheres dominou a cena e passou a direcionar e alimentar seus lares.
O ciclo de gêneros
prosseguiu e hoje homens e mulheres organizam lares, sem que haja um
determinismo social na formação dos
pares e de quem está encarregado de prover a casa.
Qualquer que seja a
estrutura mantenedora de uma família, uma condição não pode deixar de existir
nos lares: o amor, que se for presencial, provavelmente terá melhores
resultados.
Atualmente o número de famílias virtuais, tem
aumentado significativamente. Uma grande teia
de compromissos que envolvem parceiros,
pais, mães e filhos é de tal ordem que os contatos pessoais estão sendo
substituídos pelos virtuais. A internet passou a ser o elo entre os membros de uma família: emails,
torpedos, recados, faces e outros meios de comunicação invadiram as nossas
casas.

Os recados deixados
nos sofisticados celulares, tranquiliza
pais e mães que acham que sabem onde estão seus filhos. O simples fato de “apenas”
ouvir a voz ou receber uma mensagem dos filhos, não significa que eles estejam
no local onde “deveriam”(??!!) estar.
A infinidade de
amigos pessoais, que todos os membros de um mesmo grupo familial possui ajuda a desagregar o grupo, formando células
fechadas em quartos, que mesmo quando as portas estão abertas, continuam
mantendo os corações fechados.
A relação de amigos particulares
é, fechada a sete chaves, com códigos de comunicação em alguns casos quase
invioláveis.
Aos poucos os laços
familiares estão se tornando mais tênues e as famílias transformando-se em
virtuais, de tal forma, que possivelmente o ciclo familiar vai nos levar de
novo para o regime patriarcal. O número de jovens que somem de casa, que se
envolvem com drogas, com atividades sexuais precoces e que se comunica com pessoas
totalmente desconhecidas de seus responsáveis, poderá chegar a um nível do
insuportável, e quando isto acontecer, surgirá à dura mão do carrasco, para
tentar refazer o que sobrou da família.
Mais
um ciclo familiar está se completando, e em breve estaremos agindo como nossos
pais, avós e bisavós numa tentativa de assegurar o equilíbrio e a harmonia dos
grupos, e quando isto acontecer, o patriarcado poderá voltar a dominar a cena.
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