Homem, trabalhador, morador de
Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), diante dos destroços de sua casa, com
as mãos no rosto para esconder as lágrimas, fala com voz embargada para o
jornalista: “sou um homem de bem!”
Acredito que nesta pequena observação,
ele buscava uma explicação para a sua tragédia. Por que sendo ele um homem de
bem, precisa passar por tanto sofrimento?
Quem explica os motivos para que
a vida de um trabalhador se modifique em alguns minutos?
Sob uma camada de lama estava
mais do que uma casa: o lamaçal encobriu um lar, sonhos, histórias,
felicidade, carinho e amor.
Sou um homem de bem, num país
onde existem muitos homens maus.; homens que matam, destroem, corrompem, subvertem,
roubam, desviam para seus bolsos dinheiro dos trabalhadores.
Sou um homem de bem num país de
corruptos que vivem felizes em seus palácios, protegidos por muros, seguranças
e por suas próprias Leis.
Sou um homem de bem! Sou trabalhador
num País de preguiçosos que fazem da política uma profissão rendosa.
Sou um homem de bem e de fala
mansa numa terra de grandes oradores que sobem em palanques para profanarem o
mundo com falsas promessas.
Sou apenas mais um homem de bem, com
pequenos grandes sonhos; uma casa, comida sobre a mesa, uma família feliz unida
em torno da força dos braços de um homem, apenas um homem de bem.
Quem pode explicar para esse
homem de bem, o que será da sua vida? Quem poderá explicar para todos os homens
de bem, que carregam o Brasil com a força de seu trabalho, que ainda vale a
pena sonhar e votar?
Quem? Quem se habilita a essa
árdua tarefa?
Edison Borba
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