Dia: 30 de outubro de 2015 - Horário: pertinho das 10 horas.
Local: sala de espera de um
laboratório de exames clínicos na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
Personagens: homem quarentão sua filha
adolescente e todos os que estavam na sala (eu também) do laboratório
aguardando para realizar exame de saúde.
PRIMEIRO ATO:
Cena 01: pai e filha, com
aparência de classe média (roupas, calçados, celulares e outros produtos
denunciavam o poder aquisitivo deles), entram na sala de espera do laboratório.
Cena 02: pai procura cadeira
vazia; senta-se digitando seu celular rapidamente. Filha, fica encostada na parede da sala de espera do laboratório, demonstrando
acanhamento.
Cena 03: pai, em voz alta e
aparentando descontentamento, dirige-se a filha sem sair de sua cadeira: “Se
você não for ao balcão, não será atendida!”
- Pausa: todos os olhares , de quem estava na sala de espera, se concentram sobre a jovem garota.
Cena 04: menina de cabeça baixa,
demonstrando acanhamento se dirige ao balcão onde se encontra uma
recepcionista. Entrega documentos e recebe uma ficha para ser preenchida.
Nota: o preenchimento desta ficha
é obrigatório em virtude do tipo de exames que são realizados naquele local.
São, informações sobre a vida de cada paciente.
Cena 05: adolescente, com a ficha
nas mãos dirige-se ao pai e faz a ele uma das perguntas do formulário: “Pai eu
sou alérgica?”
Cena 06: o quarentão, classe
média, bermudão agarrado ao celular, responde em voz alta para a filha: “Eu é
que vou saber? Estou indo comprar jornal! Aprenda a resolver!”
O pai, quarentão, classe média, bermudão e celular abandona o palco.
SILÊNCIO NO LOCAL
Cena 07: menina triste, cabeça
baixa, senta na mesma cadeira que o pai deixou vazia, assim como deixou vazio o
seu coração.
Cena 08: percebi uma furtiva
lágrima deslizando pelo rosto da jovem menina triste, que permaneceu sentada
segurando a ficha entre as mãos.
FIM DO PRIMEIRO ATO.
Não permaneci no local para saber o que aconteceu no segundo ato e nem
como se deu o desfecho desta tragédia familiar.
Cai o pano! Fim de um triste espetáculo!
Edison Borba
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