Como afirmou Dolores Duran “eu desconfio, que o nosso caso está na hora de acabar”
Desconfiar, é um verbo irmão do ciúme, parceiro da loucura, irmão do desequilibrar.
Ele acaba com a paz, implanta a insegurança, enchendo as cabeças de loucas lembranças
Destrói toda a prudência, se baseia em evidências, sutis e pueris, que se transformam em monstros que invadem nossos sonhos.
Otelo matou Desdêmona, apenas por desconfiar de uma possível traição
Bastou um lenço perdido para que o enciumado marido tirasse louca conclusão
Eu desconfio, eu teço um fio, eu escrevo uma história, eu encho minha memória
Fico de sobreaviso, meus sentidos aguçados, vejo fantasmas, ouço vozes
Imagens de rostos estranhos, se tornam real para mim, perco a liberdade estou vivendo exilado
Numa ilha de desconfiança, de medo de não ser amado e até ser trocado por outro amante qualquer
Descubro pistas em cada canto, marcas digitais que poderão me fazer descobrir um rosto da criatura que entrou em meu destino
Na loucura em que vivo, tento encontrar alento para minha alma acalmar
Já nem sei se quero saber que nunca fui enganado, porque assim ficaria eternamente frustrado
Desconfiar é maléfico, é sofrer na ilusão, de que tem que ser verdade o que atormenta e enlouquece
Se nada provado for, a dor será mais cruel, é sinal que meu amor não corre risco fatal
Mas eu preciso da ilusão que um dia sozinho ficarei, preciso desconfiar, ficar inseguro e sofrer só assim conseguirei viver.
Estou preparando o caminho da separação, vou sofrendo aos pouquinhos, num sentimento que pode parecer mesquinho
Mas é uma forma de perder meu amor, devagarinho!
Edison Borba
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