Esse aviso pode ter dupla
interpretação. Podemos ler, cuidado, tem escola por perto, como sendo um sinal
de perigo, ou então, cuidado, escola, como um pedido de atenção para com as
unidades de ensino.
Prefiro ficar com segunda opção - precisamos cuidar melhor das instalações das
nossas escolas (prédios), atentar para a melhoria do processo psicopedagógico,
rever metodologias, atender os Docentes, não só com melhores salários, mas
também com capacitação continuada e respeito social, não descuidar dos
funcionários que colaboram para que toda a estrutura escolar se mantenha em
funcionamento e principalmente dos agentes do processo, os alunos.
Os jornais desta semana publicaram
observações críticas em relação às redações dos alunos que participaram do
ENEM. Na matéria jornalística, encontramos redações que receberam nota máxima,
apesar de graves erros de ortografia, como: “rasoavel”, “trousse”, “enchergar”,
além de concordâncias verbais, acentuação e pontuação.
Sabemos das dificuldades que a
língua portuguesa nos apresenta. Provavelmente é uma das mais difíceis de ser
dominada. Por ser muito rica e ter sofrido uma grande quantidade de
interferências de outros idiomas, dominá-la plenamente é tarefa para poucos. A
sua beleza também é sinônimo de dificuldades, porém existem algumas regras
mínimas e básicas que não devem ser feridas. É exatamente neste ponto que está
o maior problema. Nossos jovens candidatos às vagas no Ensino Superior estão
cada vez mais pecando não só na ortografia, mas na capacidade pensar e
interpretar o que foi lido.
Essa situação fica cada vez mais
trágica, pois funciona como uma rede que tece a vida do estudante e futuro
profissional numa armadilha, que acaba em catástrofes.
Na medicina, temos acompanhado situações que
apontam para a dificuldade de interpretar regras e ordens e assim, poder agir
corretamente. Um profissional que injeta leite na veia de um paciente entre
outros casos pode estar indicando incapacidade de entender corretamente o que
lhe foi solicitado.
As redações do ENEM podem ser um
indicativo de que precisamos rever,
revolucionar e reorganizar as várias metodologias, regras e leis que regem
nosso processo educativo.
As provas da OAB, também denunciam a
falta de qualidade no ensino brasileiro, desde as primeiras séries do ensino
infantil.
Alfabetizar é um dos mais
importantes momentos da educação de um cidadão. Aprender a ler é mais do que
pronunciar palavras, é antes de tudo pensar, interpretar e entender. Desse
conjunto nascem as ações.
Infelizmente, no Brasil o número de pessoas
que não sabem ler e nem escrever o próprio nome ainda é muito alto. Porém, outro grupo é bastante preocupante, são os
analfabetos funcionais. Homens e mulheres que sabem reconhecer palavras
escritas e fazer uma leitura de letras e
sílabas, mas não têm condições de entender o significado daquilo que estão
“lendo”. Lamentavelmente, representantes desse grupo, estão chegando ao Ensino
Superior e obtendo o direito de atuar como profissionais nas mais diversas
áreas.
A sociedade corre riscos ao se
encontrar com esses diplomados e obter os seus serviços. Há risco de vida e
morte. Há risco de sobrevivência. Há risco social.
Diante desse quadro, fica difícil
acreditar no Brasil como um líder entre as grandes potências mundiais.
Ainda é tempo de agir! Vamos
aproveitar os erros cometidos nas redações do ENEM e iniciarmos um amplo
movimento de alfabetização nacional!
Não basta criticar e até
ridicularizar, transformando esses casos em motivo de pilhéria. O assunto é
sério e devemos tratá-lo com a atenção e respeito que ele merece.
Edison Borba
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