O
governo, através de pesquisas aprofundadas
de sociólogos, nutricionistas, estatísticos, administradores entre outros
conhecedores do assunto, estipulou o teto de setenta reais como o básico para
um indivíduo sair do que se considera miséria.
Não
sou um bom conhecedor do assunto, mas fico imaginando passar um mês de 30 dias,
apenas com setenta reais para as minhas refeições.
Não
consigo entender, porque sempre estive acima dessa margem e apesar de não estar
no topo da lista financeira, sempre consegui me alimentar com um pouco mais de
folga nas minhas finanças.
Consultando
material disponível sobre o assunto, encontrei o prato com a refeição
conseguida com essa importância estabelecida pelo governo.
A
dieta diária saudável mínima, segundo o Ministério da Saúde, aplicada nos
menores preços pesquisados pelo DIEESE em janeiro de 2013, foi:
Ø Dois
terços de uma banana
Ø
Um tomate
Ø
21,4 g de carne moída
Ø
54,3 g de farinha de mandioca
Ø 17
g de feijão
Ainda
estou tentando imaginar um prato contendo essas porções. Estou buscando entender
como um trabalhador, um operário, um cidadão consegue manter-se em condições de produzir para o
país, trabalhando um mínimo de oito horas dia, sendo alimentado apenas com essa
quantidade de alimentos.
Para
tornar essa situação mais séria, a região nordeste enfrenta uma de suas piores secas.
A escassez de comida está fazendo moradores do município de Assunção do Piauí,
caçarem um tipo de roedor, conhecido como “rato-rabudo” para complementar a sua
alimentação. Essa situação, não aparece com destaque em nossas manchetes. Creio
que poucos brasileiros, saibam da grave situação vivida pelos habitantes de
algumas regiões dos estados do nordeste.
Estamos neste momento atravessando uma das piores secas dos últimos anos.
Nossos irmãos de algumas regiões nordestinas estão vivendo momentos de uma
grande tragédia, assunto pouco divulgado pela nossa mídia.
Repito,
não sou “expert” em assuntos que tratam de política social, mas sou trabalhador
e se meu prato diário contivesse apenas essa ração, hoje eu não estaria aqui
escrevendo.
Nem
é preciso fazer críticas, a situação fala por si só. É difícil não pensar nos
polpudos salários dos nossos políticos. Nas retiradas extras, nas
“maracutaias”, nos desvios de verbas e nas farras parlamentares, que acontecem
desde que a nossa república foi proclamada. Dois tipos de miséria: uma social e
a outra moral.
Pensar
que um trabalhador não tem direito nem a uma banana inteira é desesperador. O
que desejamos, como brasileiros, é um
pouco mais de humanidade. Sabemos que nem todos os políticos são desonestos.
Existem muitos bons exemplos em todos os níveis de lideranças, porém esse
número é tão ínfimo que não faz peso na balança da justiça.
No
país do futebol, dos grandes investimentos, que está na lista das possíveis
maiores nações, não aguenta mais conviver com esse tipo de discrepância.
Enquanto a distribuição de renda for calcada na desigualdade, não seremos uma
nação forte. É vergonhoso sabermos que muitos brasileiros não possuem condições
de uma refeição digna, mas estamos construindo gigantescos estádios de futebol,
que após a copa serão de muito pouca serventia, além de outros investimentos
que servem apenas para encobrir negócios escusos.
É
difícil entender. É difícil conviver.
Isso
é uma vergonha, como afirma de Boris Casoy.
Edison
Borba
Nenhum comentário:
Postar um comentário