Os olhos do mundo estão voltados para
Roma, mais especificamente para o Vaticano. Começou o conclave, que irá eleger
um novo Papa, que terá influências não apenas para os católicos, mas para todo
o mundo.
Um Sumo Pontífice, além de líder religioso, possui também uma
grande força na política internacional. Suas decisões e opiniões causam grande
impacto nas mais diferentes sociedades nos cinco continentes.
Especificamente o catolicismo, vem
sofrendo grandes abalos em suas rígidas normas. Questões envolvendo
sexualidades, pedofilia, aborto entre outros fatos fizeram com que o fechado mundo do Vaticano, fosse
obrigado a apresentar a sua opinião. Como conviver com as grandes ebulições
sociais. Uma globalização responsável por mistura
de costumes, modas, crenças além de outras situações que durante muito tempo,
se mantiveram fechadas num universo em
que muros, limitavam e dividiam os
povos.
Nos últimos tempos estão crescendo
rapidamente, movimentos religiosos que prometem sucesso, saúde e soluções para
os mais diversos problemas, bastando apenas que o cidadão deposite a sua fé,
nos cofres encontrados em alguns altares. Oradores inflamados mostram curas das
mais diversas doenças. Cancerosos exibem seus exames, com tumores antes e
depois de suas conversões. Sucessos nos negócios. Mudanças sociais. Cegos
enxergando, paralíticos andando, são demonstrações de cura, que nos remete aos
tempos de Jesus na terra. A diferença
está na quantidade de milagres e milagreiros. Somando todos os que estão
narrados na Bíblia, não atingiremos nem a metade dos realizados nos últimos
anos.
A Igreja Católica tem perdido seguidores para essas liquidações
milagrosas. O povo quer ter seus
problemas resolvidos de forma imediata. A fé está cedendo à velocidade do mundo
moderno. No universo em que basta um clique num determinado botão para entrar
em contato com milhões de pessoas, o tempo da reza, da espera e da paciência
está dando lugar ao imediatismo religioso.
O novo Papa terá que conviver com tudo isso
e muito mais. A estrutura do Vaticano está
dividida entre os conservadores e os reformistas. Essa será uma eleição
polêmica, em que a política poderá ser mais forte que a religiosidade.
Conservar o que e como? Reformar o que e
como? São questões que irão exigir
grande delicadeza e sutileza do novo Pontífice, que deverá ter inteligência, carisma, cultura e acima de
tudo muita fé para manter a crença e a espiritualidade entre os humanos.
Uma de suas tarefas será resgatar
comportamentos humanos, que estão dissolvidos e enfraquecidos pelo comércio
religioso. A necessidade de obter bens
materiais a curto prazo, o culto ao
corpo e aos desejos estão testando todas as religiões e religiosos.
O mundo religioso nunca esteve tão
dividido. Existe um mercado de almas, onde cada
igreja tenta ganhar mais fiéis que a sua concorrente. A mídia tem
ajudado a proliferar esse mercado. Estamos acompanhando a construção de uma
nova Torre de Babel.
Essa será uma grande tarefa para o novo
Papa, estabelecer um diálogo entre as mais diferentes modalidades de expressão
religiosa, fortalecendo a crença de que todos
os caminhos levam a Deus.
Creio que o maior desafio do novo Papa,
não está nas questões materiais, sexuais, belicosas entre outras. O seu grande
desafio será na transformação da alma humana. Ele terá que levar seu rebanho a
crer e voltar a desenvolver uma fé pura e inabalável. Não orar para obter, mas
rezar por acreditar que as palavras de uma oração tem a força da modificação.
Será necessário resgatar o homem que se transformou em máquina. Estabelecer um
equilíbrio entre tecnologia e humanidade. Divertimento e moral. Lucro e ética. O
mundo religioso precisa voltar a crer num Deus único.
O novo Papa terá uma árdua caminhada.
Boa sorte ao novo Pontífice! Que ele
consiga fazer renascer a mais pura fé, que deve existir em cada um de nós. Que todas
as igrejas consigam reunir homens e mulheres que buscam a paz e a
tranquilidade. Que não exista preconceitos e que a palavra acolhedora seja
proferida por todos os que estão liderando os mais variados segmentos
religiosos.
Que voltemos a crer em Deus e que os
templos sejam simplesmente casas
simples, cujos telhados sejam de vidro, para que possamos enxergar o céu e também não esquecer que não podemos
atirar pedras em ninguém.
Edison Borba
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