É
provável, que a origem do homem se confunda com a origem do dinheiro, ou
melhor, com o aparecimento de valores e poder. A atitude de reunir bens faz
parte da herança humana. O sentimento de poder surge com o ter.
A
história se encarrega de narrar grandes
fatos, envolvendo a relação de domínio entre os homens. Os regimes
escravocratas estão diretamente relacionados ao poder de compra que os povos
têm uns sobre os outros.
Da
mesma forma que as nações se dividem através de seus idiomas, as moedas também
são elementos de comparação: dólar, real, guarani, dinar, xelim, euro entre
outras, possuem significados além do matemático.
Quem
compra quem? Dólar compra real? Real compra guarani?
Moeda
forte significa país forte. País forte exerce domínio sobre as outras nações.
Logo, o valor financeiro determina outros valores.
Outra
questão que deve ser levada em conta é a possibilidade de se falar os idiomas, dos
países cujas moedas são bem valorizadas no mercado. A importância de se falar mais de um idioma, para garantir possibilidades de uma vida
melhor, fez com que as famílias se preocupassem com o aprendizado de outras
línguas. Porém, não basta saber falar, é preciso saber pensar,
criar e executar. É preciso entender que moeda, idioma e poder estão aliados.
Por
que um determinado idioma é tão usado como veículo de comunicação? Que moeda se
relaciona com este idioma?
A
diversidade de moedas, a importância e a força de cada uma delas, não faz parte
dos currículos escolares.
Muitas
vezes, se estabelece uma relação maligna com o dinheiro, como sendo coisa ruim. Os ricos são maus e os pobres são bons. Os
ricos não entrarão no céu: “é mais fácil um camelo passar por uma agulha”.
Essa
cultura só fez aumentar as diferenças sociais. Enquanto os grandes empresários
se preocupam em ensinar, para sua prole, o valor dos seus bens e como proceder
para garanti-los na família, a classe trabalhadora inverteu esse saber, negando
aos descendentes uma relação benéfica com a moeda.
Nos
lares e nas escolas populares, o assunto finanças não faz parte do dia-a-dia. A
disciplina matemática arrisca-se a propor problemas onde o Zezinho compra ou perde
laranjas. Os sobreviventes do salário mínimo, talvez por vergonha, negam aos
seus filhos uma visão clara do seu poder aquisitivo. Esse comportamento gerou
uma sociedade sem a devida noção de valores materiais. Surgiram as dívidas,
empréstimos, juros, protestos, crimes, abandonos, extorsão e até mudanças nos
valores éticos e morais.
Portanto,
trabalhar com educação financeira, tornou-se uma necessidade urgente. É
preciso que todos os cidadãos tenham acesso a informações sobre: bancos,
cheques, inflação, salários, juros, mercado, débitos, créditos, agiota, compra,
venda, bolsa de valores entre outras situações.
Nas
escolas, precisamos fazer um trabalho transversal, em que todas as disciplinas,
através de seus conteúdos, analisem a importância financeira no nosso
dia-a-dia.
Imprescindível
que não se perca o foco filosófico da questão, estabelecendo uma relação moral
e ética com o uso do dinheiro. O que se pode e o que não se pode comprar através
de qualquer que seja a moeda, grana, dinheiro, dólar, euro, guarani, libra ou
real.
Quanto
custa e quanto vale, é outra questão que não pode ficar de fora das discussões
escolares e familiares.
O
valor da honestidade e da ética em relação ao dinheiro.
O
valor da produção dos trabalhadores.
A
importância de preservar o que é público, sendo de todos é meu também, e se houver dano, eu também vou
pagar a conta.
Comparar
as finanças de uma cidade, com as do estado e as que fazem parte de toda a
nação. Questionar com crianças e jovens a importância da relação trabalho e
dinheiro. O ter e o ser. O ser não pode
ser equiparado ao ter. Os seres humanos devem valer pelo que são como cidadãos
e não pelo que possuem materialmente.
Não
deixar de analisar o valor afetivo e valor financeiro, muitas vezes essas
questões confundem as relações de compra
e venda.
Toda
essa gama de informações; precisam estar nas relações escolares e familiares.
Quanto
custa para uma família a compra de uma mochila de marca? Como os filhos são
educados tendo como referência o salário de seus pais? Que geração está sendo
formada, numa nação que estimula o consumismo em detrimento ao consumo
consciente? Satisfazer “vontades” familiares: até onde essa atitude pode
interferir na formação de um cidadão?
Educação
financeira precisa ser colocada em prática imediatamente. Adultos
precisam ensinar através de exemplos, para as crianças e jovens a importância do ser antes
do ter.
Todas
as famílias e escolas deveriam começar analisar, questões:
O
que devo e o que não devo comprar?
A
diferença entre gastar e comprar.
Pesquisar
antes de comprar.
O
necessário e o supérfluo.
Como
usar cartão de crédito, cheque especial e empréstimos.
Sensibilizar
para o uso consciente.
Gastar
com responsabilidade.
Estabelecer
metas, focar sonhos, guardar para realizar.
Semanada,
mesada: quando começar a dar e como manter o combinado, o que foi contratado
entre pais e filhos. Evitar conflitos entre pai, mãe e avós.
Todas
essas questões precisam estar no nosso cotidiano, como os antigos cofrinhos que
fizeram parte da vida de muitas famílias.
Edison
Borba
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