Um
dia a gente acorda e percebe que depois de tantos anos morando no mesmo
apartamento ou casa, ainda existem alguns “cantinhos” e “objetos” que não
tivemos tempo de parar para admirar.
Com
a vida corrida e a agenda sempre cheia de compromissos, compramos “coisas” como
quadros, espelhos, poltronas, almofadas e tantos outros badulaques, mas que só
os admiramos nas vitrines das lojas. Uma vez levados para nossos lares, e
colocados em seus devidos lugares, nunca mais paramos para admirá-los.
Hoje
estou propondo fazermos uma excursão pelo local em que moramos. Para começar, o
melhor é sairmos até a rua e após alguns minutos, nos determos olhando para o
prédio. Qual é a cor da nossa casa ou apartamento? De que lado da rua está
construído? Existem árvores próximas? Como é a nossa rua?
Após
essa observação e reflexão é hora de entrar. O elevador, o corredor e a nossa
porta. Nada de andar apressadamente, observe a entrada da sua morada. Pense
como uma visita, que veio pela primeira vez àquele local. Que tipo de emoção
está acontecendo?
Chave
na fechadura, porta aberta e surge na nossa frente um lar, o nosso lar. Deixe a
porta aberta e observe. Deixe que seus olhos procurem se familiarizar com o
ambiente. Entre devagar. Feche a porta e caminhe observando os quadros, os
móveis, os tapetes, as cortinas e tudo o que existe ali e, faz parte da sua
vida. Caminhe pelos cômodos. Passeie pelo seu lar como se estivesse numa
excursão. Devagar, com calma, descubra detalhes que você não costuma observar. Abra
um móvel e retire algo. Aquele copo que nunca é usado. Aquela bandeja ou quem
sabe uma toalha que está há anos na gaveta esperando uma ocasião para ser
colocada na mesa.
Quantos
objetos. Quanta coisa. Quantas lembranças.
Descubra
um presente, um “mimo” recebido de uma pessoa amada e tente se lembrar do
momento em você o recebeu.
Nossas
músicas! Ah! As músicas! Escolha um CD e ouça atentamente. Pegue aquela
almofada e vá para o sofá. Ouça e veja o quanto de você existe naquele espaço.
Tente lembrar, das muitas pessoas que já estiveram ali. Ouça os risos e as
vozes. Se houve lamentos e lágrimas, tente não relembrar. Essa é uma situação
de paz.
Continue
seu passeio. O quarto é sempre um local de segredos. A cama, o armário, um
espelho e recordações. Quantas noites de sono pesado, corpo cansado pelo
trabalho diário. Pesadelos e insônias também aconteceram. Noites mal dormidas e
as olheiras. Mas também, noites de amor. Intermináveis como nossos sonhos.
Quartos guardam silenciosamente muitas lembranças. Nosso quarto, grande ou
pequeno, luxuoso ou simples é ele que nos acolhe e nos dá aconchego. Observe
cada objeto que você colocou nesse ambiente. O que levou você a escolher aquela
cortina, a colcha ou o abajur? O retrato sobre a cômoda! É muito especial ter a
foto de alguém nesse local tão íntimo.
Nossa
casa, nosso lar, nossa morada. Entramos e saímos diariamente sem termos noção
do que possuímos. Acumulamos objetos até que se tornem obsoletos, perdem as
cores e os trocamos por outros que terão o mesmo destino.
E
assim vamos vivendo, passando o tempo, buscando nas ruas e nas viagens, muito
do que já existe em nossos lares.
O
local em que habito, tem encantos e tem recantos que permanecem intocáveis, até
um dia que sentimos a sensação de que podemos perdê-los. Nesse momento bate uma
sensação de que somos um estranho naquele ninho e um vazio enorme entra em
nosso peito. Uma grande vontade de nos agarrarmos a tudo que ali existe, como
se dessa forma pudéssemos viver para sempre.
Edison
Borba
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