Somos
movidos a paixões, múltiplas e variadas, paixões pelo que tocamos,
olhamos, saboreamos, cheiramos ou ouvimos, qualquer “coisa” ou
pessoas pode nos inspirar paixão.
Cotidianamente
apaixonamo-nos por algo ou alguém, até mesmo por algum lugar. Às
vezes somos apanhados por uma melodia e ficamos envolvidos
apaixonadamente por aquele som, que invade a nossa alma, se entranha
em nossas carnes e fica por dias em nosso cérebro. Essa situação
pode acontecer com perfumes, sabores, animais ou gente (como a gente
igual ou diferente) e, quando isso acontece, surge bandeira vermelha
no mar, é perigo que se aproxima.
Paixões
são experiências afetivas que causam modificações em quem as
sente. Elas nos fazem produzir hormônios, atingindo o nosso sistema
nervoso, provocando tempestades interiores alterando a nossa
essência. Quando o acontecimento se faz em via de mão dupla, haverá
uma explosão de paixões. Porém, quando apenas uma via é acometida
pela reação, o resultado será pior que desastre de caminhão em
noite escura e chuvosa.
Juízo
e paixão são duas coisas que não combinam, quando achamos uma
perdemos o outro.
Nestes
casos, somos acometidos por um vendaval, que nos leva por oceanos
nunca antes navegados.
Quando
tudo termina, estamos molhados, encharcados e com aquela ressaca que
custa para ser curada. Porém, se a paixão durou apenas uma noite
mas foi correspondida, valerá a pena curtir as olheiras e o gosto
amargo na boca.
Dizem
que virtuosos são aqueles que conseguem conter uma paixão ou
renunciá-la. Talvez, dependendo do ponto de vista, é mais patético
renunciar uma paixão do que vivê-la loucamente arcando com todas as
consequências que poderá nos causar.
Creio
que mergulhar em paixões consideradas ruins, condenadas pela
sociedade, é poder usufruir de uma aventura, de uma transgressão
que vale a pena enfrentar. Só não pode é ficar chorando pelo leite
derramado ou quando algum amigo disser: “eu bem que avisei”
quando tudo terminar. Que sirva de lição para enfrentar outras
paixões tão ou mais perigosas que a última.
A
educação e a religião podem ser meios através dos quais paixões
possam ser reprimidas ou sufocadas, porém ela estará apenas
amordaçada, presa num baú, aguardando poder um dia voltar a se
manifestar.
Paixões
nunca se calam! Elas continuam efervescentes dentro do coração de
quem as sente. E para não enlouquecer é preciso permitir que ela se
expresse com toda a sua força.
Entregar-se
a uma paixão é colocar na mesa do jogo todas as cartas e arriscar
de uma só vez, tudo o que a vida nos oferece.
Viver
uma paixão através de todos os sentidos é, atingir o pleno gozo,
que poderá ocasionar até a morte. Uma incrível e maravilhosa morte
libertária, ingênua, maliciosa, trágica, sensível, insensata,
delirante, pura, malvada, obscura e deliciosamente vivida.
Edison
Borba
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