O
verão é tratado como o maior bem que os brasileiros recebem. Quase tudo, aqui
na terra de Vera Cruz, gira em torno da
estação do sol.
Nessa
época o Brasil se transforma numa imensa praia. É possível entrevistar
banhistas até em Teresina, capital do Piauí. Loucuras do poderoso verão!
As
outras estações do ano não recebem o mesmo tratamento, começam e terminam, sem
grandes rapapés.
Quem
vive abaixo da linha do equador, tem o sol por testemunha, desse encantamento
pelo calor, praia, pele bronzeada e tudo o que se pode viver no verão.
O
outono, pobre outono, é colocado num caixote de frutas e encostado num cantinho qualquer, como se bananas,
peras, laranjas, caquis, umbus, tangerinas entre outras delícias do pomar não
tivessem a mínima importância para a saúde dos seres vivos. Ele fica amarelo de vergonha, por não ser
lembrado com a mesma alegria do outro, que muitas vezes invade o seu período. Triste
e macambuzio, junta-se às
folhas secas e se recolhe, até que chegue a vez de ser notado, nem que seja
somente no calendário.
O
inverno, esse fica gelado por ser tão esquecido.
Aqui nos trópicos, não tem prestígio.
Seus dias são vacilantes e muitas vezes ele é tão fraco que precisa da amiga chuva, para ser notado. Sua mágoa
aumenta, quando os empresários do mundo da moda, não lançam nem um simples
casaquinho, nas suas coleções.
Na
Europa ele é muito respeitado. Muitas vezes chega arrasando, coloca às
temperaturas o chão. Exibe-se com muita
neve e geadas entre outros fenômenos. Os estilistas criam figurinos
extravagantes abusando dos casacos e botas.
Vejamos
o caso da querida primavera. Ela é a que mais sofre com a presença do poderoso
verão. Por ser muito vaidosa, precisa de elogios. Mesmo sendo a responsável pelas
cores, odores e flores e sendo apontada
como a estação do amor, fica ofuscada pelo verão. Todas as vezes que se referem
a ela, uma associação com o senhor do calor é feita imediatamente. No mundo da moda, ela nunca está sozinha, as
coleções sempre são de primavera – verão.
Ela está rotulada como uma
estação de transição.
Os
comerciais, usam-na como ponte para a chegada do seu sucessor.
Seus meses são usados para abrilhantar o
senhor todo poderoso verão.
Existe
um antigo ditado popular, que diz: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”,
nesse caso, ele o poderoso verão está com a força. Além ser um cara esquentado,
ainda recebe mais lenha dos comerciais. Se acha o dono dos 365 dias do
calendário brasileiro. Apoiado principalmente por alguns jornalistas, está cada vez mais forte. Já existem estudos
que afirmam que seus graus estão aumentando gradativamente. A sua intima
relação com o sol, faz com que sua força esteja sendo sentida na nossa pele,
mas até nesse item ele leva vantagem. Os vendedores de cremes para proteção e
hidratação ficam cada vez mais ricos.
Deixo
registrado o meu apreço ao outono, ao inverno e a doce primavera. Não sintam-se
rejeitados, vocês formam um ciclo, são interdependentes, ele sozinho não
existe, pois “uma só andorinha não faz verão”.
Edison
Borba
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