Eu
juro que vi uma velhinha, com idade acima de noventa anos, levantar um caixote
cheio de melancias. Juro que é verdade. Posso chamar um amigo do meu sobrinho,
o Zé da Zinha. Isso mesmo, Zé da Zinha. Esse apelido é produto da mistura do
seu nome José e o da sua mulher, Zildinha. Ele presenciou o fato ao meu lado e
pode confirmar o que vou contar.
Estávamos
numa localidade por nome de Lagoa dos Camarões, que fica lá pelo norte do país.
É o único lugar do mundo que tem uma lagoa onde se pega camarões com a mão. São tantos
crustáceos, que a pequena cidade, já está vendendo esse produto para toda a
Europa.
Quem
pode confirmar esse fato (dos camarões) é o Dr. Geovandro, advogado, o mesmo
que impediu que o filho do seu Abigorna, fosse decapitado.
Lá
na cidade de Lagoa dos Camarões, ainda existe a aplicação da guilhotina. Os
lagoenses, orgulham-se de ter
descendência francesa. E foi por essa condição que Aleontino, o filho do senhor
Abigorda, quase teve a sua cabeça decepada.
É
bom lembrar que Aleontino, é neto da velhinha que levantou o caixote cheio de
melancias. O inacreditável fato, presenciado por mim e testemunhado pelo Zé da
Zinha.
Voltando
à situação do Abigorna, que se envolveu com a justiça por roubar frutas.
O
rapaz, foi apanhado pulando a cerca do sítio da viúva do senhor
Virgulano, dona Fartosina.
O
sítio de dona Fartosina é todo plantado de goiabeiras. Tinha goiaba
branca, goiaba vermelha e até araçá. Apesar do toda essa fartura, a viúva, não
permitia que ninguém tirasse sequer uma fruta do seu quintal. Era triste ver todo
aquele desperdício.
E
foi em tempos de “goiabação”, que a mulher do Aleontino, grávida de oito meses,
sentiu vontade de comer a tal fruta. Um daqueles desejos que precisam ser
satisfeitos, para que a criança não venha a nascer com cabelo arrepiado.
Existem
vários estudos de cientistas lagoenses, que comprovam essa situação. Como exemplo
temos o filho de Bartolina, casada com Donivaldo: ele nasceu com o cabelo arrepiado. O menino já está com mais
de cinco anos e não tem gel nem creme que faça o cabelo do garoto assentar.
Motivo:
a tal mulher quando grávida, teve desejo
de comer umbu com farinha. Infelizmente, não foi possível satisfazê-la. O
pobrezinho do menino, filho de Bartolina com Donivaldo é conhecido na cidade como
porco – espinho. Pobre garoto!
Foi
por esse motivo que Aleontino, neto vovó das melancias, resolveu pular a cerca
e pegar algumas goiabas do sítio da
viúva.
Conta
dona Cardolina, que passava pela estrada na hora do acontecido, que a proprietária,
quando viu o invasor em seu terreno, pegou uma espingarda a mandou fogo no
intruso. Porém, a arma “deu de coice”. Devido ao pouco uso e ao excesso de ferrugem as balas pipocaram dentro do cano do trabuco,
deixando a cara da viúva, toda suja de pólvora, sujeira que perdurou por mais
de mês.
Levado
ao tribunal, Aleontino foi inocentado pela brilhante defesa do Dr. Geovandro,
escapando de ser guilhotinado.
Hoje,
lá em Lagoa dos Camarões, todos os cidadãos cultivam goiabas em seus terrenos.
O prefeito baixou uma ordem para que
goiabeiras fossem plantadas em todas as ruas. São tantas frutas, que os
moradores da cidade esqueceram os camarões e passaram a exportar goiabas e seus
derivados, como geleia e outros doces.
A
senhora que levantava caixotes de melancias, atualmente é funcionária numa
empresa exportadora de goiabas. Ela é carregadora
de caixas. Trabalha mais de oito horas por dia e está sendo cotada para integrar
o livro dos recordes.
A
sua produção, é superior a de todos os
outros trabalhadores.
Você
não acredita nessa história? Então faça
uma visita à cidade de Lagoa dos Camarões, cujos eleitores já cogitam mudar o
nome do local para Império das Goiabas.
Assino
e dou fé no que foi escrito com o testemunho do Zé da Zinha.
Edison
Borba
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