Era
uma vez um homem alegre, gentil e trabalhador. Não era absolutamente um modelo de beleza. Não tinha
abdômen de tanquinho e não malhava em academias. Mas, era um exemplar razoável
da espécie humana.
Seus conhecimentos sobre diversos assuntos, faziam
dele um cara respeitado. Não havia um
assunto, que o interessante cavalheiro (isso ele sabia que era – um
“gentleman”) não tivesse algo a acrescentar. Falava bem e cativava a todos com
sua palavra. Era um orador carismático.
Porém,
o destino havia reservado para ele uma surpresa. Sem que percebesse, seu volume
biológico aumentou gradativamente. Dia
após dia, alguns quilos foram acrescentados a seu peso. Como ele não era “antenado”
em questões de estética corporal, não se ligou no que o rei Roberto, foi sábio
quando cantou – “tudo que eu gosto, é proibido e engorda”. E ele engordou!
Então,
essa história muda completamente seu caminho, desde que o respeitável
homem aumentou sua área corporal. Desde que as balanças, passaram a
rodar o ponteiro quando ele chegava. Desde que suas roupas subiram de
número. Desde que em seu cinto, foram acrescentados mais alguns furos. Desde
que tudo isso aconteceu ele perdeu espaço na sociedade.
Quando
chegava a algum lugar, não era mais
indagado sobre seus estudos. Ninguém perguntava sobre que livros ele
havia lido ou que filmes teria
assistido. Seus companheiros e alguns amigos perderam o interesse sobre os seus
conhecimentos.
Sua
barriga passou a ser o grande destaque! Ganhou personalidade e vida própria.
Todos passaram a ter interesse apenas por ela.
Observações do tipo:
“Como você está gordo!” / “Que barriga!”, passaram a ser usadas em todos
os lugares que aquele Homo sapiens chegava.
Foi
então que o nobre cavalheiro percebeu que a sociedade poderia ser dividida em
grupos.
A
partir dessa nova situação, passou a
classificar as pessoas quanto às observações
que lhe eram dirigidas, em:
-
Educadas: as que se calam diante de uma
situação que não lhes diz respeito.
-
Amigas: aquelas que de maneira delicada
e sutil, perguntam sobre a saúde.
-
Pouco educadas: fazem estardalhaço,
falam alto e apontam o dedo para o gordo.
-
Hipócritas: destilam sutis sugestões estéticas para demonstrarem o quanto são
esbeltos e belos.
-
Perversas: praticam o bullying social.
-
Indiferentes: nem percebem quem engordou ou emagreceu.
Além
desses tipos, outros foram catalogados num extenso dicionário de seres humanos.
O
homem dessa história atualmente vive tranquilo com sua barriga. Ela se tornou a
sua grande amiga. Além de companheira é sua confidente. São inseparáveis. Nela
ele confia plenamente. Muitas vezes podemos vê-los conversando animadamente,
nas ensolaradas tardes de verão.
Edison
Borba
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