Não quero que meu rosto seja motivo de susto para ninguém.
Portanto,
que o caixão esteja lacrado.
Não
me vistam com paletó e gravata e, por
favor, sapatos, não!
Avisem
aos amigos, conhecidos e familiares, sobre o falecimento, através de
uma simples nota em jornal.
Tratem de todo o cerimonial discretamente.
Cuidem apenas do estritamente necessário.
Evitem
demonstrações exageradas de dor e sofrimento.
Se
possível, não chorem!
Busquem
os menores preços para os indispensáveis serviços funerários.
Não
enviem flores.
Usem
o dinheiro das coroas para doações a orfanatos ou asilos que sejam éticos.
Não
lamentem a minha morte.
Lembrem-se
apenas dos bons momentos que eu possa ter proporcionado ao mundo.
Providenciem
a cremação.
As
cinzas, por favor, coloquem num campo verde ou num jardim.
Nunca
no mar!
Que
os amigos se reúnam para festejar a minha partida.
Comemorem
a “viagem”, como se eu estivesse
partindo para uma temporada de férias na Europa.
Tratem
com carinho, os objetos que encontrarem na minha casa.
Livros
e discos podem ser divididos entre os amigos mais chegados.
Aparelhos
elétricos e mobília, distribuam entre
pessoas que realmente necessitem.
Meus
escritos, textos, memórias, deixem com alguém que valorize esse tipo de material.
Caso
não haja interesse, por favor, queimem. Não gostaria que o lixo fosse escolhido
para receber os meus pensamentos, sonhos e ideias.
E
quando ouvirem o ruído do vento através das folhagens das árvores, lembrem-se de
mim, como um homem que tentou viver dignamente.
Que
lutou por um mundo mais justo e sem preconceitos.
Um
simples “cara” que acreditou que o amor é o maior e mais nobre de todos os
sentimentos.
Edison Borba
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