Estou caminhando sem destino.
Ferido, esgotado, cansado.
Não penso em morrer porque morto estou.
Sem sonhos, desejos e paixões.
Esquecido.
De mim ninguém lembra.
E eu também não tenho lembranças
Apaguei de mim todas
as recordações
Estou absolutamente vazio.
Arrasto um corpo pela noite fria.
Um corpo. Não mais o meu corpo.
Caminho bem devagar.
Quase sem forças.
Não há mais nada a fazer.
Não há sonhos nem
desejos.
Não há ninguém para ter saudade.
Não há vontade de ter saudade.
Somente a rua vazia, as sombras e as sobras.
Restos, despejos e rejeitos.
Rejeitado estou.
Rejeitado eu sou.
Não há mais nada a fazer e nem mais nada a dizer.
Uma sensação agradável me envolve.
Deixo-me levar sem resistir.
Abandono o que nunca tive.
Não há mais nada a querer.
Não estou deixando marcas.
Nenhum vestígio nem pegadas.
Não morro, porque nunca existi.Edison Borba
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