Tal uma sinfonia, a vida tem sons que podemos
traduzir numa escala musical, capaz de fazer inveja aos maiores compositores do
mundo.
O tic tac do pulsar dos corações e os risos das
crianças são sons da vida.
O murmúrio do vento e o estalar de uma folha seca
que se desprende do galho de uma árvore, são avisos da existência de vida.
O som das águas das cachoeiras e os risos de
crianças são, maravilhas da orquestra da vida.
Os pingos de chuva sobre um telhado produz um
ritmo alegre capaz de nos fazer dançar. A chuva é a garantia de que viver
é maravilhoso, pois quando ela chega na quantidade certa, no local necessário e
na hora adequada, os campos ficam verdes e haverá fartura de frutas e flores.
Um longo e profundo suspiro, aquele que vem do
fundo da alma, e que pode ter mil significados, é sinal de que estamos vivos e
saudosos de alguém.
O som da respiração de alguém dormindo é
melodioso e ritmado. Quando se dorme tranquilo, é agradável de ouvir, exceto o
ronco, que assusta e preocupa.
O latido de um cão, saudando o seu dono e
ronronar de um gatinho, para nos agradar, são sons lindos de amor e gratidão.
Pássaros e seus diversos cantares e piares enchem
a vida de alegria. Eles nos presenteiam com uma sinfonia maravilhosa. Até o
galo com o seu cantar matinal, é um aviso para que despertemos para a vida.
Ouvir as ondas quebrando na praia é simplesmente
um encontro com o Divino.
Algumas vezes a natureza utiliza os sons para nos
alertar. Um oceano silencioso pode ser sinal de perigo, os pescadores sabem que
águas silenciosas são mais perigosas que as turbulentas.
Alguém assobiando uma melodia qualquer, nos da
felicidade e alegria, é pura essência de uma “dolce vita”.
Os sons da noite são diferentes do dia. Mesmo de
olhos fechados saberíamos se é dia ou noite apenas pelos sons. Na noite, são
taciturnos os do dia são alegria. Lua e sol impregnando a Terra e influenciando
sua sonoridade.
Pigarro e tosse são avisos que a vida está em
perigo.
O choro é a tristeza da vida, mas também pode ser
a representação viva da felicidade.
Se pudéssemos, por alguns instantes, anular todos
os sons artificiais, como os produzidos pelas buzinas e sirenes e os outros
aparelhos, ouviríamos os incríveis sons da vida. Uma aranha tecendo sua teia. O vento passando
através de uma fresta da porta, o chilrear de alguns pássaros. Folhas caindo e
ao longe um riso. Coisas da vida. Sons de vida.
Os sons identificam existências. O choro, o
riso, a gargalhada, o suspiro, o cantar, o espirro, o ronronar dos gatos, o
uivo dos cães, o zumbido das abelhas, o piar dos pássaros são afirmativas de
que habitamos uma natureza maravilhosa.
Passamos anos e anos e não ouvimos a nossa voz.
Ouvimos mas não escutamos. Escutamos mas não identificamos e quando
identificamos não acreditamos.
Ah! Como é bom deixar os sons da vida nos
envolver. Deitar numa rede a beira mar. Ouvir o som das águas e o da brisa que
nos acaricia a pele.
Nesse momento não precisamos dos modernos
aparelhos, basta ter bons ouvidos e sensibilidade para se deixar acalentar
pelos sons da vida.
Edison Borba
Lindos pensamentos, verdadeira poesia em prosa.
ResponderExcluirEunice (CAM)