domingo, 15 de junho de 2014

ARGENTINA – EM TEMPOS DE COPA NO BRASIL ( Gracias Mercedes Sosa)

        Coisa do destino ou apenas coincidência, mas eu  tive o prazer de estar nos espaços, onde Mercedes Sosa se apresentou aqui no Rio de Janeiro: Teatro João Caetano, Maracanãzinho e no Canecão. Cantora símbolo na luta pelos direitos humanos era proibida pelos governos ditatoriais da América do Sul, de se apresentar em sua terra e nos países vizinhos.
Considerada como a “Voz da América do Sul”, Mercedes Sosa cantava a liberdade do homem trabalhador. Sua voz traduzia a consciência dos povos, que lutava para sobreviver a governos de ditadores. Mercedes tinha um cantar forte, apesar da suavidade da voz, ela conseguia expressar a dor e a coragem do povo latino americano.
Vários brasileiros, como Fagner, Chico Buarque e Milton Nascimento, juntaram suas vozes e  músicas a favor da liberdade seguindo junto com Mercedes Sosa.
Obrigada a viver fora de sua terra natal, Mercedes em muitas ocasiões, conseguia levar seu canto atravessando barreiras e apresentando-se em lugares como Colômbia, Chile e Brasil.
Enfrentando riscos, ela lotava auditórios  juntava vozes cantando “Gracias a la Vida” e “Cancion com Todos” e sensibilizava  quando interpretava “Maria Maria”,”Volver a Los 17” e “Coração de Estudante”.
Quando esteve em Lugano, na Suiça, Mercedes foi entrevistada e ao responder algumas perguntas ela deixou, além de suas músicas, algumas opiniões que vale a pena lembrar.
“Sou uma cantora popular. Uma mulher que quer mostrar com o canto aquilo que poetas e músicos do continente sulamericano sonham. Sou uma cantora que tem muitas dificuldades para refletir o seu continente. Espero estar à altura de ser considerada a voz do continente latino americano. Considero-me simples, mas não sou humilde. Quando canto, dou o melhor de mim. Quando um artista fica frente ao seu público canta solta a voz, muitas vezes com medo, e timidez que todos nós humanos carregamos, acho que não dá para ser humilde sendo um artista um cantor”.
         “Também não acho que sou eleita pelos deuses. O artista popular deve diariamente, cotidianamente ser responsável pelo título de cantor popular. Deve perceber que não basta cantar e ter uma bela voz, ele tem que ter algo a dizer, tem que estudar se aprofundar na literatura ou na sua própria vida. O artista tem que representar o seu povo, mesmo estando muitas vezes numa posição privilegiada, ele não pode esquecer que há pessoas em dificuldades”.
         “Vivemos um momento em que é muito difícil defender a canção popular, não me refiro ao coração do meu povo sulamericano, e os brasileiros sabem  muito bem do que falo. Também sabem os chilenos e os meus conterrâneos e uruguaios. É difícil defender a canção popular, porque ela é solidária ao problema dos homens, mas também é de amor profundo. Nego-me a rotulá-la como “canção de protesto”. Ela é a canção que fala do povo. Ela representa a minha gente e não pode ser subjugada. Todos os poetas, artistas e cantores do mundo sabem a dor de ser proibido e censurado”.
         Esta foi Mercedes Sosa, nascida em Tucumán, Argentina. Mulher simples, morena índia, iluminava os palcos, enchia auditórias e emocionava corações quando cantava o amor e a liberdade a que todo povo tem direito.
         No momento em que a seleção argentina busca conquistar a Copa do Mundo de Futebol, trazendo Leonel Messi; considerado o melhor jogador do mundo por várias vezes, lembremos também de Mercedes Sosa, “a voz da América”.
Edison Borba

Nenhum comentário:

Postar um comentário