Coisa do destino ou apenas
coincidência, mas eu tive o prazer de
estar nos espaços, onde Mercedes Sosa se apresentou aqui no Rio de Janeiro:
Teatro João Caetano, Maracanãzinho e no Canecão. Cantora símbolo na luta pelos
direitos humanos era proibida pelos governos ditatoriais da América do Sul, de
se apresentar em sua terra e nos países vizinhos.

Vários brasileiros, como Fagner, Chico
Buarque e Milton Nascimento, juntaram suas vozes e músicas a favor da liberdade seguindo junto
com Mercedes Sosa.
Obrigada a viver fora de sua terra natal,
Mercedes em muitas ocasiões, conseguia levar seu canto atravessando barreiras e
apresentando-se em lugares como Colômbia, Chile e Brasil.
Enfrentando riscos, ela lotava
auditórios juntava vozes cantando
“Gracias a la Vida” e “Cancion com Todos” e sensibilizava quando interpretava “Maria Maria”,”Volver a
Los 17” e “Coração de Estudante”.
Quando esteve em Lugano, na Suiça,
Mercedes foi entrevistada e ao responder algumas perguntas ela deixou, além de
suas músicas, algumas opiniões que vale a pena lembrar.
“Sou uma cantora popular. Uma mulher
que quer mostrar com o canto aquilo que poetas e músicos do continente sulamericano
sonham. Sou uma cantora que tem muitas dificuldades para refletir o seu continente.
Espero estar à altura de ser considerada a voz do continente latino americano.
Considero-me simples, mas não sou humilde. Quando canto, dou o melhor de mim.
Quando um artista fica frente ao seu público canta solta a voz, muitas vezes
com medo, e timidez que todos nós humanos carregamos, acho que não dá para ser
humilde sendo um artista um cantor”.
“Também não acho que sou eleita pelos
deuses. O artista popular deve diariamente, cotidianamente ser responsável pelo
título de cantor popular. Deve perceber que não basta cantar e ter uma bela
voz, ele tem que ter algo a dizer, tem que estudar se aprofundar na literatura
ou na sua própria vida. O artista tem que representar o seu povo, mesmo estando
muitas vezes numa posição privilegiada, ele não pode esquecer que há pessoas em
dificuldades”.
“Vivemos um
momento em que é muito difícil defender a canção popular, não me refiro ao
coração do meu povo sulamericano, e os brasileiros sabem muito bem do que falo. Também sabem os
chilenos e os meus conterrâneos e uruguaios. É difícil defender a canção
popular, porque ela é solidária ao problema dos homens, mas também é de amor
profundo. Nego-me a rotulá-la como “canção de protesto”. Ela é a canção que
fala do povo. Ela representa a minha gente e não pode ser subjugada. Todos os
poetas, artistas e cantores do mundo sabem a dor de ser proibido e censurado”.
Esta foi
Mercedes Sosa, nascida em Tucumán, Argentina. Mulher simples, morena índia,
iluminava os palcos, enchia auditórias e emocionava corações quando cantava o
amor e a liberdade a que todo povo tem direito.
No momento em que
a seleção argentina busca conquistar a Copa do Mundo de Futebol, trazendo Leonel
Messi; considerado o melhor jogador do mundo por várias vezes, lembremos também
de Mercedes Sosa, “a voz da América”.
Edison Borba
Nenhum comentário:
Postar um comentário