Fernanda Abreu
Ultrapassamos os 40 graus.
Explodimos em calor. Rio, cidade maravilhosa virou um purgatório. Belezas
dissolvidas em suor e cerveja. Abano, leque, ar refrigerado, ventilador vale
tudo para amenizar o purgatório.
Sorvete, água gelada, entrar nas
lojas e dar o golpe do ventinho (ficar olhando os artigos só para esfriar a
cabeça), não se importar se a fila do banco está longa, se a refrigeração
for perfeita.
Rio mais de 40 graus,
temperatura recorde. Asfalto grudando a sola da sandália, aquela que solta às
tiras. Pele ardendo mesmo tendo usado aquele creme que o vendedor ambulante
garantiu que era importado. Ônibus lotado e desodorante vencido!
Tudo isso e muito mais é o Rio,
querido Rio, um purgatório de felicidade. A praia está poluída, mas as águas
refrescam nosso corpo e o sol mata as bactérias.
Sonolência, preguiça, indolência
e calor. Muito calor. Cinema, delícia de cinema, o filme? Que filme eu quero
mesmo é me refrescar.
Guarda-chuva vira sombrinha. O
magro poste oferece uma sobra de sombrinha, mas que é muito bem-vinda.
As árvores. Nossas árvores,
queridas árvores que cortamos e matamos sem piedade. Queremos vocês e suas
sombras. Juramos protegê-las. Por favor, voltem a crescer nas ruas do Rio 40 e
muitíssimos graus.
Rio do calor e da sensação
térmica que ultrapassa os graus do calor!
Uma coisa é uma coisa. Outra coisa
é outra coisa. O calor provoca a sensação térmica, que é maior que o calor.
Dizem que é por causa da umidade do ar. Eu que pensei que umidade era sinônimo
de “refrescação”! Que confusão! Estou sonolento! Que horror!
Mas com esse calor, como pensar?
Meus miolos estão fervendo dentro da caixa craniana. Acho que está saído fumaça
pelas minhas narinas.
Rio mais de 40 graus, amo você
assim mesmo!
É, um purgatório, mas quando chega uma brisa voltamos a curtir tudo de bom que existe nesse lindo lugar.
Rio de Janeiro - Cidade
maravilhosa!
Edison Borba
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