Ultimamente tem sido difícil
curtir o dia, ou curtir um dia. A célebre citação em um poema de Horácio, Carpe
Diem, traduzido do latim para colha o dia ou aproveite o dia, está difícil de
ser seguida. Vivemos o hoje pensando no amanhã. Almoçamos pensando no jantar,
numa maratona onde pular o obstáculo seguinte é o que interessa.
Esquecemos que o dia de hoje é a
garantia do amanhã, logo para termos uma boa terça – feira, precisamos viver
bem a segunda. Mas nem aproveitamos a segunda porque estamos pensando na terça
e nem aproveitamos a terça porque a quarta já nos preocupa. Loucura!
Vez por outra ouvimos alguém
dizer que os dias estão mais curtos e que o tempo está passando mais rápido.
Ledo engano! Nós é que estamos adiantando os nossos relógios e colocando as
nossas preocupações adiante do tempo. Confuso? Um pouco!
Nós, os seres humanos, não
aprendemos a usar adequadamente as incríveis descobertas tecnológicas. Ainda
estamos usando-as como se fossem brinquedos.
Talvez, a explicação para esta confusão com o tempo passe também, por
esta situação.
Vivemos digitando, respondendo,
digitando, lendo, abreviando, informando e buscando informações, tantas horas
por dia, que esquecemos do dia. Quando levantamos a cabeça o tempo passou e já
estamos em mais um final de semana, fim de mês e final de ano.
Caramba! Como passou rápido, eu
nem tive tempo de terminar a minha última mensagem e a “self” que fiz ontem já
está ultrapassada!
Como controlar esta situação?
Talvez, cada um de nós esteja precisando de “educação” pessoal. Autocontrole.
Ser capaz de dizer não para si mesmo. Fazer silêncio! Ficar em silêncio! Não
fazer nada! Desligar o celular e, todo e qualquer aparelho, que emita som.
Será meditação? Talvez! Meditar é
um processo, um pouco complicado para algumas pessoas, mas um bom começo é
estabelecer um tempo por dia, para curtir (carpe diem – pelo menos um pedacinho
do dia).
Fechar os olhos e libertar os
pensamentos. Deixar-se ir pelo infinito,
com calma, sem nenhum objetivo, sem planejamentos nem objetivos.
Vale a pena tentar! Os lugares
onde podemos fazer este exercício, não precisam ser os convencionados, podem
ser os inusitados: sentado num banco de ônibus, sob a água do chuveiro, na
travessia de barca (Niterói – Rio – Paquetá – Ilha do Governador), após o
almoço no restaurante, lanchonete ou em casa, basta fechar os olhos alguns
minutos, com serenidade. Aos poucos, vamos sentindo prazer neste estado de
silêncio, que vamos querendo aumentar o tempo. E assim, devagarzinho vamos
aprendendo a curtir o tempo, o nosso tempo.
Atenção: o celular não pode fazer
parte do processo!
Edison Borba
Nenhum comentário:
Postar um comentário