Enquanto o solo do nordeste arde
sob o sol, numa das maiores secas dos últimos anos, as águas do São Francisco,
o velho Chico, continuam a encher os cofres de homens e mulheres sem
escrúpulos.
Um dos mais importantes cursos de
água das Américas, o São Francisco, atravessa cinco estados e banha com suas
águas mais de quinhentos municípios. Corre as vezes tranquilo e outras vezes
turbulento levando vida por onde passa. Porém, os mais atentos, poderão ver que
as águas do Chico também são de lágrimas.
Os homens, alguns homens,
invejando a beleza do grande Chico (será de Assis ou de Pádua?) resolveram
interferir em seu curso, usando como pretexto, levar as suas águas por outros
caminhos, que não os traçados pela natureza.
Fazer a transposição de seu leito,
usando como “mote”: acabar com a seca da região nordeste. Seria o milagre dos
governos! Presidentes – Deuses, ordenam as águas a mudarem seu curso! Sem
pedirem permissão aos Orixás, os malvados impiedosamente sacrificaram diversas
espécies animais e vegetais, dizimando variadas biodiversidades.
Os Senhores e Senhoras
palacianos, regozijam-se de suas bravatas: vencemos o São Francisco!
O majestoso Chico, o rio da
unidade nacional, foi machucado, ferido e transferido sem o seu consentimento.
Passados alguns anos de violência,
o velho rio, começa a dar sinais de cansaço, com a diminuição de sua força
hídrica. Os homens poderosos, ficaram mais ricos, e o rio mais pobre. A seca
continua e a pobreza se mantém firme. Crianças magras, mulheres envelhecidas e
homens calejados compõem a paisagem brasileira, lá das “bandas” nordestinas.
Pobre rio! Pobre nordeste! Pobre
do pobre! Pobre do rico São Francisco!
Os homens estão mais ricos. As
águas evaporaram e se transformaram em dólares e euros que desaguaram nos rios
Suiços, provavelmente no Aar, que deve estar mais caudaloso.
E mais uma vez, a vergonha toma
conta dos brasileiros trabalhadores. Os faraós devem invejar o Brasil, que é
capaz de obras maiores e mais caras que as pirâmides: estrada – transamazônica,
que para nada serve; doze arenas para a Copa do Mundo de Futebol, que também
não servem para nada, pontes, viadutos, aeroportos, prédios tudo grande enorme,
gigantesco como deve ser no País das Maravilhas, que conseguiu construir uma
cidade no planalto central para abrigar os escolhidos para reinar sobre tudo e
sobre todos.
Choremos junto com o velho Chico.
Choremos pelo São Francisco. Quem sabe as lágrimas da população brasileira
poderá ajudar no combate à antiga e tradicional seca nordestina.
Edison Borba
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