Cada um de nós, possui um grande
acervo de informações, que culturalmente somos levados a não valorizar. Se
pararmos por alguns minutos em nossas casas e observarmos o que temos ao nosso
redor, vamos encontrar uma infinidade de histórias.
Cada objeto de decoração, móvel,
eletro doméstico, roupa e outros quesitos domésticos, chegou até às nossas mãos
trazendo fatos, que ao ser lembrados, traduzem pequenas “grandes” histórias.
Aproveito a oportunidade e vou
contar, aqui neste espaço, uma historinha, que eu batizei como o título de “Saudade”.
“Desde
que ele se foi, minha casa está mais vazia. Caminho pelo
espaço que era ocupado por ele e só encontro marcas. As paredes, o chão e o tapete
estão impregnados da sua presença. Minhas noites tornaram-se tristes. Assistir
filmes ou acompanhar os capítulos da minha novela preferida, perderam
completamente o sentido. Lembro-me de ter deixado nele as marcas do meu
corpo. Foram anos e anos de companheirismo silencioso. Mesmo quando
farelos de pão, biscoito ou pingos de café e guaraná o maculavam, ele jamais
reclamou.
Agora,
sozinho vejo o quanto ele era importante para mim! Sobre ele já derramei meu
pranto e no verão deixei marcas de suor que ele sempre exibiu sem nunca
reclamar. Mesmo quando eu tentava ocultar sob um pano aqueles vestígios de
nossa relação, ele nada dizia.
Quando
minha casa era invadida por convidados que se jogavam sobre seu corpo ou até
mesmo colocavam os pés sobre ele, sua fidelidade a mim o mantinha firme.
Comecei
a perceber o seu sofrimento, ao ouvir gemidos sutis, quando a faxineira o
empurrava de um lado para o outro. Eram seus pés cansados que há muitos anos
suportaram o peso de muitas vidas que nele se apoiaram. Mas, meu coração
sangrou, quando vi em seu corpo uma ferida aberta, que deixava ver o seu
interior. Imaginei o quanto ele deve ter sofrido quando no escuro eu me apoiava
nele e muitas vezes até adormecia em seu colo embalado pelo som de minhas
músicas preferidas.
Estou
contando os dias para o seu retorno. Não vejo à hora de vê-lo chegar trazido
pelas mãos dos mesmos homens que o levaram. Chegará
totalmente renovado. Novas cores, novo enchimento, pés
tratados e então reiniciaremos mais uma longa jornada de um doce, amável e
feliz relacionamento”.
Obrigado
meu SOFÁ! Estou morrendo de saudade!
Edison Borba
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