Não
quero julgar ninguém. Sou apenas um homem que tenta responder as tradicionais
perguntas: quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Para onde vou? Além de outras
dúvidas que me perseguem. Será que existe algum sentido na beleza? Na feiura?
No terror? No sofrimento?
Quero
mergulhar nas profundezas do universo e tentar entender o mundo. O que
existe no final do abismo? Preciso saber o que fazer. Não quero ser dizimado
como os dinossauros sem entender o motivo.
Vivo
buscando caminhos. Preciso integrar-me nos fenômenos da natureza, onde os mais
fracos servem aos mais fortes, alimentando-os, satisfazendo as suas vontades,
obedecendo às regras do jogo, como as galinhas às raposas, os cidadãos aos
políticos, os cordeiros aos lobos e os condenados aos carrascos. Se esses
relacionamentos fazem parte de um processo evolutivo, não vou mais
questioná-los.
Sou
um homem, mas também sou animal. Porém, sendo racional eu sei distinguir o
certo do errado e o bem do mal. Mas se meus atos fazem parte do processo para
manter o equilíbrio das espécies, quando causo calamidades, nada mais faço do
que seguir um caminho natural.
Mas
isso é loucura! Não posso admitir as guerras, as fraudes, a corrupção, o
preconceito, os roubos, a violência, os sequestros e o terrorismo.
Vivo
uma revolução interna. Sinto uma dor impossível de descrever, quando me
pergunto: por que tantos morrem de fome, se a Terra é farta? Por que os
poderosos podem agir livremente? Por que a impunidade persiste? Será que faz
parte da predestinação humana? Serão os algozes os verdadeiros paladinos, que
vieram com a missão de punir?
Por
que eles legam aos seus descendentes o poder de mandar e crucificar? Gerações e
gerações fazendo valer suas forças e as suas regras. O que leva as multidões a
segui-los? Por que seus discursos e orações são tão poderosos e envolventes?
Homens
e mulheres intocáveis! Falsos brilhantes em suas falsas falas! Sempre
sorridentes, às vezes lacrimejantes, me comovem, com suas promessas e, me deixo
envolver por suas “verdades”. Me reprovo e me condeno pois tenho a consciência
que estou me deixando enganar. Sinto, um sofrido prazer nesta situação, mas entrego-me
aos algozes sem resistir.
Minha
dor é particular. À noite, quando ouço meu coração bater, sei que sou uma obra
ao contrário. Cada dia que vivo, é cada dia que morro. Vou desaparecer sem ter
me completado. E o pouco que existe em mim, é roubado pelos poderosos.
Continuo
carregando dúvidas. Sinto-me culpado. Estou condenado. Minhas palavras podem
ferir cortar e fazer sangrar. Mas isso é um ato perigoso. Tenho medo. Acho
melhor me calar e continuar apenas com perguntas sem respostas. Elas são
perigosas.
É
melhor deixar como está: “tudo num falso equilíbrio”. Por que mudar? Procurar
novos sofrimentos? Não existem novos caminhos!
As
feridas já nem doem tanto. Silenciar é uma forma de sobreviver.
Silêncio,
por favor, silêncio!
Edison
Borba
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