Escrever
faz muito bem para a mim. Creio que é uma forma de extravasar sentimentos.
Deixo meus pensamentos fluir sem medo das críticas. Apenas escrevo como se
estivesse usando um tranquilizante. Cada texto ou poesia que produzo é como um
filho gerado e parido. Às vezes são criaturas lindas e meigas outras vezes são
monstruosas, feias e assustadoras. Não sei qual delas se parece mais comigo.
Sou um pai cuidadoso, mesmo quando o produto é desagradável, eu o respeito,
porque fui o seu criador.
Sou
professor por profissão e educador por sedução. Rodei muito por escolas e salas
de aula. Errei acertei, tornei a errar e acertar. Jurei não repetir o erro e
pequei por ter jurado. Acertei e segui em frente, buscando conviver bem com
essa tal “educação”. Vivo com ela faz muitos anos e foi através dela que
descobri a vontade de escrever. Essa companheira já me deu momentos de muita
alegria e satisfação. Mas, também já me fez sofrer. Muitas vezes me peguei
reclamando, me sentindo um bobo por ter passado horas sobre livros estudando,
planejando e organizando material pedagógico.
Do
meu casamento com a Senhora Educação, muitos filhos foram gerados. Tal como os
textos, alguns maravilhosos que aprenderam as lições rapidamente. Seus boletins
eram azuis como o céu. Outros não tão perfeitos me exigiram mais atenção, mais
tempo, mais trabalho. Eles me desafiavam a cada aula! Obrigavam-me a buscar
novas estratégias para guiá-los nos caminhos da aprendizagem. Esses foram como
os textos mal escritos que me forçavam a fazer uma releitura, na busca de novas
palavras e pontuações. Criatividade, essa era a meta. Fazer de novo, como se
fosse novo, aquilo que já não era tão novo.
Ao
final de cada ano minha família se renovava. Filhos partiam outros chegavam.
Corações repletos de esperanças e sonhos. Eram novos textos a serem decifrados.
Foram anos falando, repetindo, ensinando e analisando. Aprovando e reprovando a
eles e a mim. Muitas vezes me emocionando. Risos e lágrimas fizeram parte desse
mundo.
A
cada formatura alegrias e dúvidas. Para onde irão meus filhos? Será que os
tinha preparado adequadamente? Teriam lido todos os textos corretamente? Como
irão conviver com a diversidade de informações de suas vidas? Conseguirão
decifrá-las?
As
dúvidas sempre foram minhas companheiras e foram elas que me obrigaram a buscar
sempre, alternativas diversificadas, caminhos diferenciados e metodologias
criativas. Abençoadas dúvidas, que me impulsionaram na busca de novos
territórios pedagógicos.
Vez
por outra, reencontro algum filho e fico feliz quando me reconhecem: professor!
Alguns até me chamam pelo nome. Lembra de mim? Estive em sua classe! Faz tantos
anos! Que saudade! Pergunta dos colegas e às vezes de algo relacionado ao
conteúdo que ensinava na ocasião. Nesse momento, vejo que valeu a pena.
Como um texto que foi bem redigido, vejo um adulto que eu ajudei a
formar, agora cidadão de bem. Linda recompensa por tantas horas de trabalho e
dúvidas. Vejo como ainda sou apaixonado pela Senhora Educação. Com ela gerei
muitos cidadãos que estão espalhados pelo mundo.
Educar
é bem diferente de construir prédios ou montar carros. São anos e anos de
gestação para uma obra que nunca ficará totalmente pronta. É magia. É vida.
Gente, exige sensibilidade, cuidado, carinho e amor. Cada vida que passou, e
ainda passa pela minha vida, não tem valor que possa ser expresso em dinheiro.
Estou
casado com a Senhora Educação há muitos anos, juntos continuamos a produzir
textos e a sensibilizar pessoas. Continuo tendo muitas dúvidas que busco
decifrar. Ainda estou procurando meu caminho. Buscando novos espaços,
analisando possibilidades e assustado diante das diversas metodologias que
surgem diariamente.
Ser
professor é sonhar, agir e não desistir! É manter a esperança, de que vale a
pena escrever novos textos e ajudar a formar “gente” que acredite no amor e que
lute sempre (com ética e moral) por um mundo melhor!
Edison
Borba
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