Buscando uma definição para a palavra
animismo, encontramos no dicionário o seguinte: “tendência a considerar todos
os seres da natureza como dotados de vida e agir conforme uma finalidade”.
Na infância, a presença do animismo,
permite que as crianças, brinquem com bonecos, como se os mesmos tivessem vida
própria.
O incrível escritor Monteiro Lobato,
soube aproveitar magnificamente bem, no Sítio do Pica-Pau Amarelo, essa
condição. Emília a boneca de pano, o Visconde de Sabugosa, uma espiga de milho
viveram e ainda, vivem, na imaginação de quem teve a oportunidade de saborear
essa incrível história.
Infelizmente, o animismo tem estado e
nossas vidas de uma forma desagradável. Quando precisamos atravessar uma rua ou
avenida temos medo dos automóveis. Ônibus e caminhões nos causam pavor, são
como monstros que caminham por suas próprias rodas. São independentes e
trafegam segundo seus próprios instintos.
Para nós, não existem motoristas,
pessoas autorizadas a conduzir veículos. Cidadãos que deveriam ter passado por
uma autoescola que os diplomou, não só para saber conduzir a máquina, como
também para obedecer às regras que regem
o tráfego e o trânsito. São seres humanos, que, quando não estão sentados
diante de volantes são pessoas comuns, possuem famílias e frequentaram escola.
Pelo menos receberam uma educação básica formal e informal. Porém quando entram
em seus veículos, ficam possuídos de outra identidade, tipo o médico e o
monstro.
Tornam-se violentos, perigosos, esquecem
a regras básicas da educação e a gentileza não está sentada no banco do carona.
As leis ficaram apenas nos livros e o pedestre, vira uma caça a ser abatida.
Seres humanos ficam desumanos, animalizam-se e se deixam
possuir por um espectro maligno de quatro rodas.
Entre esses seres, também existe um
hierarquia, uma delas é o tamanho. Caminhão vence um ônibus, e este abate uma
caminhonete apesar de todos serem dirigidos por trabalhadores
assalariados.
Outra condição classista está no valor
financeiro, uma Mercedes – Benz SLR Mac
Laren ou uma Ferrari, podem sentir-se mais poderosos e, portanto, acima
das leis. Esses automóveis possuem vida social intensa, quando chegam em um restaurante ou teatro, todos
correm para atendê-los. Podem ultrapassar sinais verdes, atropelar, matar e
mutilar. Eles são poderosos podem voar nas estradas. Têm vida própria, são a “nata”
da família automobilística.
São mais temidos do que os poderosos Jamantas. A diferença
está no indivíduo de quem eles são donos. Uma Mercedes provavelmente é dona de
alguém famoso, rico milionário. Um caminhão, possui um trabalhador. Com quem está a força social?
Um orgulhoso caminhão delinquente,
poderá ficar na garagem por muitos anos, mas, uma Mercedes, dificilmente sairá
das estradas, mesmo tendo cometido um assassinato. A justiça as protege e também, outros famosos veículos.
Nenhum policial terá a coragem de colocar bafômetros em seus canos de descarga.
Animismo, sim animismo! Brutal, violento
e desumano!
Cuidado ao atravessar uma rua, avenida
ou estrada, pode vir um veículo com o tanque cheio de gasolina, álcool, cerveja
ou vodka, que irresponsavelmente dirige seu proprietário, inocente cidadão, que
não tem culpa dos desacertos de sua máquina.
Edison Borba
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